SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA e as suas "Ideas sobre a mais vantajosa organização de hum Catálogo e sobre o modo de arranjar huma livraria."

Pensador e político, S. P. F. é um dos nomes marcantes do panorama cultural nacional do séc. XIX. Com um espírito que desenvolve com a mesma destreza o processo de reflexão teórica e o pragmatismo que vem a dominar o século, o manuscrito que aqui apresentamos é um raro exemplo, pela sua síntese, da articulação destas vertentes no labor bibliotecário. O questionamento sobre o que deve ser um catálogo de livraria, associa em poucas folhas o universo teórico da sistematização do saber humano, conduzido a princípios que são de carácter eminentemente filosófico e o trabalho de bibliotecário concentrado na “colecção à sua guarda”.

Tem ainda outro apelo, sumamente importante na perspectiva em que nos colocamos, que é o da complementaridade e do diálogo com outras obras, leitores e interesses já que este texto não está incluído na miscelânea dactiloscrita do A. pertença da Biblioteca Nacional e que neste blogue (aqui) foi já convocada.

O tom pessoal que atravessa o seu conteúdo, as referências que o suportam e os conceitos seleccionados dão-lhe uma qualidade autógrafa que materialmente não se verifica, pois é de um treslado ‘autenticado’ que se trata. E se o autor é facilmente encontrado, para além da ‘letra e assinatura’, e com ele uma determinada educação e uma elite socio-cultural, indicia-se o facto histórico de uma reorganização administrativa global promovida pela transferência da Coroa para o Brasil.

Num ano em que o questionamento sobre os princípios de acção se colocou de forma muito imediata, numa busca de certeza perante o desmoronar de muitas “certezas”, encontramos neste pequeno manuscrito avulso da colecção da Biblioteca da Ajuda campo fértil para repensar o labor diário e estratégico de quem tem nos livros, na sua organização e disponibilização, o seu objecto diário de trabalho.

A transcrição do texto é directa, mantendo a forma do português do original porque bastante legível, tendo-se acrescentado umas notas complementares a algumas ideias ali apontadas que não obrigam à sua leitura ou visionamento.


54-XIII-19, n.º 2, fl. 1
54-XIII-19, n.º 2, fl. 1v


54-XIII-19, n.º 2, fl. 2

       
54-XIII-19, n.º 2, fl. 2v



54-XIII-19, n.º 2, fl. 3

54-XIII-19, n.º 2,  fl. 3v


54-XIII-19, n.º 2, fl. 4






TRANSCRIÇÃO Ms. Av. 54-XIII-19, nº 2

Novidades editoriais:

Já está disponível para consulta online [aqui] a mais recente edição da ARTIS Press:

Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX: Coleções Reais e Coleções Oficiais


Artigos:

A compra da colecção de pintura de Charles-Joseph, Príncipe de Ligne (1735–1814), pelo Príncipe Regente D. João (1767–1826) e o seu possível impacto nas colecções do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro / Ana Mafalda Magalhães Barros

Arte e Diplomacia no final do Antigo Regime: as coleções do Conde da Barca e do Marquês de Marialva na sua acção diplomática ao serviço de Portugal / Patricia D. Telles, Paulo Simões Rodrigues 

O manto dito da Aclamação do rei D. João VI: Confeção, Conservação e Documentação / Paula Tomás

A César o que é de César: bens/coleções do imperador D. Pedro I no Brasil quando de sua partida para Portugal / Marize Malta 

A biblioteca da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro e a historiografia da arte no Brasil / Sonia Gomes Pereira 

Peças de Mobiliário da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II da sua residência oficial no Paço das Necessidades em coleções oficiais portuguesas / Teresa Sande Lemos

Perto do coração: a joalharia enquanto elemento de representação ao nível das coleções reais portuguesas / Maria da Luz Pinheiro 

Os diamantes são para sempre, as jóias não. Descravações e reconversões de jóias da família real no séc. XIX / Teresa Maranhas, João Júlio Rumsey Teixeira 

os Revivalismos ao movimento Secessionista Vienense: vidros da Boémia da Rainha D. Maria Pia / Maria João Burnay 

A magia do abanico: um olhar sobre a coleção de leques D. Maria Pia presente no Palácio Nacional da Ajuda, através da análise e origens do objeto / Laura Torres 

Do Palácio Foz para os Paços Reais, as aquisições da Família Real Portuguesa no leilão de 1901 / António Cota Fevereiro 

Objectos de “valor artístico” de D. Carlos I no Palácio das Necessidades e a sua dispersão na primeira metade do século XIX (1913–15) / Sofia Braga

Galerie Pedre Daupias: um ponto turístico em Alcântara / Ramiro A. Gonçalves

A Porcelana Chinesa de Exportação no Século XIX e o Mercado Brasileiro / Maria Fernanda Lochschmidt 

As referências do colecionismo oitocentista na coleção de Eva Klabin: uma releitura da História da Arte? / Maria Teresa Silveira

Pinturas de história como discurso diplomático: uma narrativa visual da História do Brasil no Itamaraty / Guilherme Frazão Conduru 

A coleção de pinturas do Palácio Piratini no colecionismo estatal do Rio Grande do Sul / Paulo César Ribeiro Gomes 

As pinturas de retratos da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária: de acervo à Coleção / Márcia Valéria Rosa 

A Coleção de Retratos dos Beneméritos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro/Brasil: um estudo do Acervo / Maria Beatriz Bianchini Bilac 

Coleção Guita e José Mindlin: paixão e interesse pela cultura do papel
/ Maria Luisa Luz Tavora

Subsídios para a História da Biblioteca da Ajuda. O reinado de D. Miguel (1828-1834). O catálogo manuscrito 51-XIII-8: Parte III

Em anteriores textos [aqui] abordámos episódios da história da Biblioteca da Ajuda, focando, essencialmente, períodos menos estudados do seu longo e acidentado percurso. 

Escrevia Mariana Machado dos Santos, directora da Biblioteca da Ajuda (BA) entre 1954-1974, que, após “quase uma década a reunir material”, aguardava sempre que “em novas e persistentes pesquizas”, algo de novo surgisse. Movidos pelo mesmo espírito indagador que os livros e documentos suscitam, e no confronto com alguma documentação manuscrita que integra o acervo interno da casa, foi possível reunir alguma informação, menos conhecida ou, até agora, inédita, permitindo desvendar e acrescentar novos contributos para a história desta instituição.

Referimos já algumas das medidas com as quais se procurou reconstruir o brilho da Real Biblioteca Particular, após o retorno da Família Real a Lisboa, em 1821, depois do capítulo brasileiro, quando apenas regressaram, com o Padre Dâmaso [aqui], os manuscritos da Coroa, e eventualmente as Bibliotecas particulares das pessoas reais. O “depósito legal”, determinado por D. João VI, pelos Alvarás de 12 de Setembro de 1805 e 30 de Dezembro de 1824, publicado a 10 de Janeiro de 1825 [aqui], relativo à Biblioteca Pública, e extensivo à “Real Biblioteca Particular”, pelo Alvará de 6 de Fevereiro de 1832, publicado a 11 de Fevereiro [aqui], no reinado de D. Miguel (1828-1834); o confisco das bibliotecas dos opositores liberais e a entrega da do Colégio dos Nobres, durante o governo deste último; as doações de bibliotecas por parte de pedagogos dos príncipes; e as da Princesa Maria Francisca Benedita (1746-1829) e da Imperatriz Rainha D. Carlota Joaquina de Bourbon (1775-1830); e, posteriormente, durante o Governo liberal, depois de 1834, as incorporações, a partir das Livrarias conventuais, uma área mais vezes referida, todas estas circunstâncias se traduziram, num significativo ingresso de obras e no enriquecimento da Biblioteca Real.Abordamos, em anteriores capítulos, o reinado de D. Miguel (1828-34), por ser um dos períodos menos tratado, continuando a oferecer algumas “surpresas”, nomeadamente no que respeita as incorporações das bibliotecas dos exilados políticos, isto é, dos designados “banidos”, pronunciados em “Devassas de rebelião”, conforme exarado no Acórdão de 11 de Setembro de 1829 [aqui].

A devolução, durante o governo de D. Maria II (1819-1853), das livrarias sequestradas a figuras que viriam a ser as de proa do regime liberal, parecia um facto seguro, pois alguma documentação apontava nesse caminho.

No entanto, a consulta dos catálogos manuscritos, datados de entre os anos 1829 e 1831, guardados na sala dos manuscritos da BA, fizera-nos suspeitar que seria questionável aquela conclusão, pois, no confronto daqueles inventários, nomeadamente nos que respeitam as livrarias confiscadas, com o acervo da BA, fora possível localizar alguns exemplares neles mencionados.

Na consulta do catálogo 51-XIII-8, em cuja folha de rosto se pode ler “Manuscritos” em letra gótica, e na contracapa, a lápis, “Biblioteca Real?”, na sua segunda parte, intitulada “Catalogo dos Mapas // anno de 1831”, verificou-se que, para além da descrição sumária, feita em colunas verticais, nas quais se identificam o autor, o título, ano, e formato, das obras, são incluídas, ainda, designações topográficas - “Caixa”, “Nºs”, “Estante”, e por fim, a informação quanto a “Origem”. 


Esta última, rara neste tipo de catálogos, constitui um auxiliar precioso para a pesquisa que encetamos, quanto às incorporações que definiriam o perfil da Biblioteca Real ao longo do século XIX, da qual a actual Biblioteca da Ajuda é herdeira.

Salienta-se, naquela coluna, a referência a um conjunto de personalidades mencionadas no Acordão de setembro de 1829, os identificados como de “banidos”, na documentação oitocentista do arquivo interno.

Assim, naquele catálogo, e no campo relativo a “Origem”, observamos duas ordens de incorporações:

1. As relacionadas com as Livrarias doadas, para as quais apontam as designações “Rocha”, relativa à biblioteca de José Monteiro da Rocha, com cinco entradas; “R.R.”, de Ricardo Raimundo Nogueira, com trinta e uma; “I.Rai.”, Imperatriz Rainha D. Carlota Joaquina de Bourbon, com dez entradas; “Princ.”, relativa a obras da Princesa D. Maria Francisca Benedita, com dez; “Coroa”, com sete; “B.P.”, Biblioteca Pública, com uma; “T.R.”, Tipografia Régia, com três, estas últimas, eventualmente, relacionadas com as disposições do depósito legal, na parte que respeitava a obrigação da entrega, na Real Biblioteca Particular, de “Mappas, Cartas, e Estampas, gravadas neste Reino”, por parte de seus autores, ou editores;

2. As seguintes identificações: “Calh.”, com dezassete entradas; “C.J.X.er”, com três; “V.ª Flor”, com apenas uma; e “Palm.ª”, com cento e dezanove entradas de catálogo, estas constituindo o núcleo com maior número de exemplares, são referências que apontam para a incorporação da componente cartográfica das livrarias dos exilados políticos, às quais as abreviaturas aludiam, isto é, Calhariz, Cândido José Xavier, Vila Flôr[1] e Palmela[2].

A Geografia. Os livros e a cartografia na BA

Assim, de acordo com a natureza do mencionado catálogo, estas últimas referências reportam-se a livrarias sequestradas, cuja componente relativa a Cartografia, teria sido integrada em núcleo temático da Real Biblioteca Particular, com uma numeração própria.

Aliás, terá sido a existência dessa mesma numeração, em caracteres árabes, aposta nas capas ou encadernações de alguns exemplares da BA, relacionados com a Geografia e a Cartografia, que nos despertara para a possível existência, na antiga Livraria Régia, no Paço Velho, de um núcleo específico, dedicado à Geografia e Cartografia, no qual se inseririam as obras que o manuscrito 51-XIII-8 refere.

Tendo em vista esclarecer a questão, sempre presente, de saber se as obras que integravam as livrarias dos “banidos”, teriam, ou não, sido integralmente devolvidas, após a consagração do regime Constitucional, procuramos localizar na BA algumas das referências contidas no mencionado manuscrito.

Desde logo nos chamou a atenção a menção ao Atlas sive Meditationes de Fabrica Mundi et Fabricati Figura, de Gerardus Mercator, exemplar impresso em Amesterdam, datado de 1630, ao qual fora atribuído o nº 333, e a indicação de origem “Calh.”, abreviatura para Calhariz, como já viramos. 








Feita uma pesquisa no acervo da BA verificou-se a existência de dois exemplares do referido Atlas, com idêntica descrição catalográfica:


- Atlas sive Cosmographicae meditationes de fabrica mundi et fabricati figura (…). Gerardi Mercatoris. Editio quinta. Amsterodami (…), 1623, com rótulo “Ex Bibliotheca Congregationis Oratorii (…)”, pelo que incorporado a partir da Livraria dos Oratorianos das Necessidades, com a cota 13-VIII-7




- Atlas sive Cosmographicae meditationes de fabrica mundi et fabricati figura. Primum à Gerardo Mercatore inchoatae de indè a Iudoco Hondio (…), igualmente impresso em Amesterdão, mas datado de 1630, conforme o que vem referido no mencionado catálogo. Este exemplar, com a cota 13-VIII-8 e sem marcas de posse, apresenta todas as cartas integralmente aguareladas. O ficheiro manual da BA atribuía, a anterior posse, à Livraria do Colégio dos Nobres;

Ora consultado o catálogo da Livraria do Colégio dos Nobres, cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Nacional, [aqui], apesar de parte daquele acervo se encontrar na BA, verificou-se que o exemplar que pertencera àquela instituição, com igual descrição, era datado de 1613. Pelo que não poderia corresponder ao Atlas 13-VIII-8 da BA.



Um outro Atlas daquele célebre cartógrafo existente no acervo - Atlas novus sive Descriptio geográfica totius orbis terrarum (…), diferenciava no título e data, pois era datado de Amesterdão, 1638,  apresentando exlibros ms. “Da Livraria Pública de S. Roque”. Cota 13-VIII-9 a 11.










Assim, considerando que a descrição catalográfica contida no catálogo ms. 51-XIII-8, relativa ao Atlas de Mercator, cuja origem se reporta a “Calh.”, corresponde ao exemplar com a cota 13-VIII-8, da BA, somos levados a concluir que este, não podendo ser o do Colégio dos Nobres, pelas razões apontadas, poderá ser aquele, objecto de confisco, não tendo sido devolvido ao seu anterior proprietário, com a queda do governo miguelista.


Este exemplar apresenta uma encadernação de pastas de papel marmoreado mecânico, igual à dos catálogos daquela estante, datados de entre os anos de 1829-1831, pelo que deverá ter sido feita por aquela ocasião. Nada sabemos da anterior. Conteria alguma marca de posse ou superlibros dos Souza do Calhariz, da qual descendia a Casa Palmela[3], pois Calhariz e Palmela significavam a mesma família? Esta é mais uma dúvida para a qual não encontramos resposta.

No ms. 13-VIII-8 surgem duas origens para a que seria a mesma família, facto que poderia induzir-nos a considerar a existência de dois proprietários distintos, para o que aquelas duas designações apontariam. Ora, pelo facto de o primeiro e único Conde de Calhariz, D. Alexandre, filho primogénito de D. Pedro de Sousa Holstein, ter morrido com 20 anos em Ponta Delgada, no ano de 1832, no decurso das manobras das forças liberais, não tendo ainda casa própria, somos levados a aceitar que aquelas designações deveriam reportar-se a proveniências geográficas diferenciadas, de casas daquela família, então exilada.

Escreve Pedro Urbano, “Uma das características desta família é a sua grande mobilidade, decorrente”, não só, “das missões diplomáticas do primeiro Duque” mas também “dos exílios políticos a que se viu obrigado”[4]. Mesmo nos períodos em que permaneceu em Portugal, foram várias as moradas em Lisboa, “Entre 1821 e 1824, o Duque e a sua família habitaram na freguesia de S. Bartolomeu, sempre em moradas diferentes: Rua de D. Vasco, em 1821; Sítio da Boa Hora em 1823 e Pátio do Calhariz, em 1824, locais inclusive muito próximos entre si”[5], às quais se deviam acrescentar as permanências na Casa do Calhariz, em Sesimbra.

Assim, “Palm.ª” deveria reportar-se à residência do então marquês (em 3/6/1825), em Lisboa, e “Calh.” à Quinta do Calhariz, em Sesimbra, sede do morgado daquele ramo dos Souza que, “desde a origem, com o morgado de Monfalim, constituíram elementos essenciais da identidade da casa”[6].

Tal como anteriormente referimos, a menção “Palm.” corresponde a cento e dezanove entradas, e a “Calh.” a dezassete, pelo que as Livrarias destas Casas objecto de confisco, conteriam um núcleo significativo de Mapas e Cartas Geográficas, agora integradas na Biblioteca Régia. O facto de o percurso de D. Pedro de Sousa e Holstein, primeiro conde, primeiro marquês e primeiro duque de Palmela, por decreto de D. Pedro enquanto regente, ter sido em parte no estrangeiro, no desempenho de funções diplomáticas em Roma, onde acompanha seu pai D. Alexandre, e por nomeação régia, em Espanha, e posteriormente em Londres, Paris, e Viena, onde, participa no Congresso de Viena (Nov. 1814-Jun. 1815), como ministro plenipotenciário[7], pode justificar a existência de um tão amplo conjunto de espécimes cartográficos, necessários ao desempenho das suas missões.

Da derrota napoleónica, pós Batalha de Waterloo em 1815, resultara um necessário redesenhar das fronteiras dos países europeus o que exigia um domínio da Geografia europeia e dos interesses ultramarinos das potências em confronto. A carreira política posterior de D. Pedro de Sousa e Holstein (1781-1850), fortemente marcada pelo apoio a D. Pedro IV (1798-1834), e à causa liberal, determinara novos exílios e sucessos diplomáticos, para reconhecimento da causa liberal e com ela de D. Maria II (1819-1853), no governo de Portugal, por parte de diversas cortes europeias.

No entanto, para além da colecção de Mapas e Cartas que eram pertença da Casa Palmela-Calhariz, que podem ter tido diversos usos, desde de apoio às funções diplomáticas no complexo xadrez político de oitocentos, aos pedagógicos, e que agora se encontravam na Ajuda, o exemplar do Atlas de Mercator, traduzia uma outra ordem de valores, pois era uma obra de aparato, que congregava a informação útil sobre a definição territorial dos países, com o elemento estético que lhe era conferido pela singularidade dos mapas aguarelados.

A confirmar-se a permanência na Biblioteca Régia de obras que não teriam sido devolvidas após a Convenção de Évora Monte, em 1834, que significara o exílio de D. Miguel, nomeadamente no que respeita as da Casa Palmela, poderá ser explicada com a “reserva” de D. Pedro de Sousa e Holstein de pedir ao novo governo de D. Maria II, as obras anteriormente confiscadas, e que agora integravam a Real Biblioteca Particular? Poderemos considerar, que para uma Casa que se distinguira no apoio à consagração do Regime Constitucional e que empenhara todo o seu esforço e património no reconhecimento da “causa” de D. Maria II, tal poderia ter significado um novo serviço prestado aos que tinham elevado a Casa Palmela a ducado, em 1833, ainda antes da vitória do partido liberal?

A eventual localização de mais exemplares contemplados no ms. 51-XIII-8, afectos aquela Casa, ou à de outros “banidos”, poderá ajudar a consolidar, ou não, a tese da permanência na BA de boa parte das obras confiscadas durante o reinado de D. Miguel I.

Mafalda M. B.


[1] O então conde de Vila Flor, António José de Sousa Manoel de Meneses Severim de Noronha (1793-1860), futuro duque da Terceira, ocupara, com o então marquês de Palmela, a Regência, em nome dos interesses e da “causa de D. Maria II”, na ilha da Terceira, em 1830, que sairia vencedora a partir de 1834.

[2] Para designar D. Pedro de Sousa e Holstein (1781-1850), feito conde em 11.04.1812, elevado a marquês em 3.06.1825 e a duque em 04.1833, ainda antes da vitória liberal. Apud. Bonifácio, Maria de Fátima, (transcrição, prefácio e edição), Memórias do Duque de Palmela, Publicações D. Quixote, 2011, pág. 30.

[3] Utilizamos o substantivo Casa com maiúscula, no sentido genealógico, de família nobiliárquica, enquanto entidade institucional, e casa para a componente edificada, isto é, residencial, pelo que podemos referir as propriedades da Casa, os vínculos e morgadias que a ela estavam associados. Disponível [aqui]. Consulta em 18 de novembro de 2020.

[4] Urbano, Pedro, A Casa Palmela e o desafio liberal: estratégias de afirmação, dissertação de mestrado em História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, 2005, pp. 197-198 [aqui]. Consulta online em 17 novembro 2020.

[5] Idem, Idem.

[6] Bonifácio, Maria de Fátima, (transcrição, prefácio e edição), Memórias do Duque de Palmela, Publicações D. Quixote, 2011, pág. 15.


AVISO: Encerramento devido a tolerância de ponto

Informamos os nossos Leitores de que:

Para cumprimento do disposto no Art.º 22º do Decreto nº 9/2020, de 21 de Novembro, nos próximos dias 30 de Novembro e 7 de Dezembro a Biblioteca da Ajuda estará encerrada ao público.

Agradecemos a melhor compreensão.



Publicação de Fontes: BA. 51-II-18

Acaba de ser publicado, na colecção Fontes, da Biblioteca Nacional de Portugal [aqui],  um estudo crítico, do Prof. José Miguel Martínez Torrejón do Cód. 51-II-18, da Biblioteca da Ajuda.

"O manuscrito 51-II-18 da Biblioteca da Ajuda é um códice factício... que reúne três itens completamente independentes sob o título geral Obras de Manuscrito (Sécs. XVI a XVIII). Foram encadernados juntos no séc. XIX e aparados para ajustar a medida ao do primeiro deles (que chamamos [a]), único que nos interessa por conter a Miscelânea Sebástica da Ajuda, título igualmente factício que atribuímos a partir do seu conteúdo (...)"

Compilada perto de 1595, esta que chamamos Miscelânea Sebástica da Ajuda constrói, a partir de elementos díspares reutilizados, uma narrativa ordenada, com o seu prólogo, corpo narrativo e peroração, sobre os antecedentes, feitos militares e desfecho da batalha de Alcácer-Quibir, servindo como memória catártica do desastre.

Independentemente do valor próprio dos elementos em prosa e verso acumulados no códice 51-II-18 da Biblioteca da Ajuda, a maior parte deles inéditos de diversa natureza e autoria (entre os quais se destacam poemas de Diogo Bernardes e Jerónimo Corte-Real), o facto de terem sido copiados de uma mão e tratarem todos do mesmo assunto sugere uma leitura não como um conjunto desagregado mas como uma obra sequencial, com um propósito bem definido.


Miscelânea Sebástica da Ajuda / Ed. crítica, estudo e notas José Miguel Martínez Torrejón. - Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal,  2020. - 192 p.; 24 cm. - Fontes

ISBN: 978-972-565-677-8 (ed. Impressa)

ISBN: 978-972-565-676-1 (ed. eletrónica)


AVISO : alteração de horário

Informamos os nossos utilizadores que, entre o dia 26/10/2020 e o dia 31/12/2020, o Palácio Nacional da Ajuda e a Biblioteca da Ajuda passam a encerrar ao público às 17H00. 


 

JORNADAS DO PATRIMÓNIO: 2020 – PATRIMÓNIO e EDUCAÇÃO


Em 2020 as Jornadas Europeias do Património são subordinadas ao lema Património – Educação, binómio que encontra na Biblioteca da Ajuda a sua expressão material, já que enquanto repositório de documentação impressa, manuscrita e iconográfica, secular, é um instrumento indispensável à investigação científica, ao conhecimento e, de um modo mais lato, à instrução, agora não apenas acessível ao círculo restrito de cortesãos que a frequentavam, mas de um público lato de investigadores nacionais e estrangeiros, interessados na Cultura portuguesa e na sua relação com o mundo.

 

Na Biblioteca da Ajuda, no seu vasto e valioso espólio, não faltam testemunhos de como as Bibliotecas/Livrarias foram, e são, importantes instrumentos para a aprendizagem, a formação intelectual e, em consequência, para a educação. Como afirmava Frei José Mariano da Conceição Velloso (1742-1811), director da Oficina Typographica (…) Litteraria do Arco do Cego, “sem livros não há instrução”[1].

 

Enquanto Biblioteca Real, símbolo da “Ilustração”, que nenhum príncipe “iluminado” dispensava, era central na afirmação do prestígio régio. Guardiã de obras únicas, raras, ou preciosas, até à implantação da República, foi ainda repositório de documentação de caracter administrativo, relativa à administração do Reino, a que os monarcas recorriam para a fundamentação de decisões políticas e diplomáticas. E ainda arquivo de correspondência privada entre membros da família real portuguesa e as famílias reais reinantes na Europa. Conserva ainda testemunhos documentais do papel mecenático da coroa, tanto os relativos às aquisições de obras de arte por parte de D. João V (1689-1750) em Roma, e não só, como, no domínio da música, as
composições elaboradas ao longo de séculos, para o cerimonial régio, por compositores de várias nacionalidades.

 

Arquivo patrimonial, de uma riqueza e diversidade únicas, no que respeita a determinadas áreas do conhecimento histórico, guarda ainda um conjunto de obras de caracter pedagógico, que relacionamos com a instrução dos príncipes. De entre estas, algumas exibem marcas de posse de mestres pedagogos que desempenharam a exigente missão da instrução dos príncipes como é exemplo José Monteiro da Rocha (1734-1819), que legou a sua Livraria a D. Pedro IV (1798-1834), do qual foi tutor.


[1] Faria, Miguel Figueira de, “Da Facilitação e da Ornamentação: a Imagem nas Edições do Arco do Cego”. In Diogo Ramada CURTO; Fernanda CAMPOS (orgs.) - A Casa Literária do Arco do Cego (1799-1801), bicentenário: Sem Livros não há Instrução, Catálogo da Exposição. Lisboa: Biblioteca Nacional de Lisboa; INCM, 2000, pp. 107-137  https://repositorio.ual.pt/handle/11144/2480 .

I. Livros com marcas de posse de pedagogos que legaram as suas livrarias à Biblioteca Real:

Livros com Ex-libris de José Monteiro da Rocha, que foi Mestre do Imperador D. Pedro I, ainda em Portugal. No Brasil, tornou-se Mestre da Princesa da Beira D. Maria Teresa, e das Infantas D. Maria Isabel, D. Maria Francisca e D. Isabel Maria, irmãs do Imperador. 

        

 Diversos manuais, de claro propósito pedagógico, de entre os quais os dedicados à caligrafia e ao desenho, apresentam o exlibris de Manuel Joaquim de Sá Braga, “professor das primeiras Letras” no Colégio dos Nobres[1], cuja livraria foi integrada na Biblioteca Real, por oferta do autor a “Sua Magestade Fidelíssima O Senhor Dom Miguel Primeiro”, conforme se pode ler no Catálogo manuscrito dos livros que o mesmo entregou na “Real Bibliotheca de Sua Mag.de .”, no dia 8 de Julho de 1830[2].

Ex-libris de Manuel Joaquim de Sá Braga


   Méthode pour Apprendre le Dessin, Charles-Antoine Jombert, Paris, 1784. 
Contêm interessantes gravuras. Ex-libris de Manuel Joaquim de Sá Braga, que deixou a sua Livraria a D. Miguel I. BA 38-XIII-49. 


[1] Sequeira, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto, subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. II, Lisboa 1917, pp. 103 e 530-531.

[2] BA 54-XI-28 (87)

II. Obras de caracter pedagógico-formativo com dedicatórias impressas por parte de pedagogos:

Alguns compêndios, para a instrução primária, apresentam dedicatórias impressas dos seus autores aos príncipes, de que é exemplo o conjunto Thesouro de Meninos, Resumo de Historia Natural, para uso da Mocidade de ambos os Sexos e instrução das pessoas (…) Obra elementar compilada e ordenada por Pedro Blanchard; traduzida do francês com muitas correcções e artigos novos, oferecida a Sua Alteza o Príncipe Real do Reino Unido de Portugal e do Brasil (…) o Senhor D. Pedro de Alcantara por Matheus José da Costa.

 

Obra adoptada como compêndio, na maior parte dos colégios e aulas de instrução primária, continha noções das ciências físicas e da história natural, era uma tradução, cuja “nomenclatura portuguesa adoptada” fora “disposta pelo insigne Brotero”[1]. Obra de divulgação que traduzia o ascendente de uma nova ordem de saberes, de entre os quais se destacava a História Natural, nova disciplina criada no âmbito da “reforma setecentista do ensino português”, cuja importância é “enfatizada pela maioria dos autores portugueses que se dedicaram à reflexão da questão pedagógica”[2].

 

O facto de a edição ser dedicada aos Príncipes, traduz a dependência que ainda se verificava dos autores em relação ao patronato régio, ou da corte, que com aquela tutela contribuíam para credibilizar os empreendimentos editoriais, junto de um público mais lato



[1] Silva, Inocêncio F. da Silva, Dicionário Bibliográfico Português, Tomo VI, Lisboa, Imprensa Nacional, 1862, pág. 166.

[2] Araújo, Ana Cristina, A Cultura das Luzes em Portugal. Temas e Problemas, Livros Horizonte, 2003, pág. 52.

 

 Thesouro de Meninos, Resumo de Historia Natural, para uso da Mocidade de ambos os Sexos e instrução das pessoas (…) Obra elementar compilada e ordenada por Pedro Blanchard; traduzida do francês com muitas correcções e artigos novos, oferecida a Sua Alteza o Príncipe Real do Reino Unido de Portugal e do Brasil (…) o Senhor D. Pedro de Alcantara por Matheus José da Costa (…).Tomo V Zoologia. Continuação das Aves, e Peixes, Lisboa 1819. Com encadernações pele vermelha, Armas Reais, ferros a ouro. 

III. Livros de caracter pedagógico com marcas de posse manuscritas de membros da família real

Diz Roger Chartier que a leitura, sempre relacionada com o efémero, raramente deixa vestígios, contrariamente à escrita que é “fixa, conservadora, duradora”[1] levantando, em consequência, a pertinente questão sobre a legitimidade de se estabelecer, uma a relação entre a posse de livros, e a sua leitura. Ou como escreve Fernanda Campos sobre as “delicadas relações entre o livro e o leitor”, da qual decorre que “ter livros não significa necessariamente lê-los e ler livros não significa necessariamente tê-los”[2]. Daí a importância, para a Ciência Biblioteconómica, das anotações marginais e outras.

 

Nesta procura permanente dos documentos que nos ajudem a esclarecer a História da Biblioteca da Ajuda, diversos tipos de marcas, permitem-nos estabelecer um elo entre o livro e aquele que o possuiu, ou manuseou. No primeiro caso, encontramos os superlibros e ex-libris, enquanto marcas de posse, de quantos os possuíram. De outro, anotações manuscritas que nos revelam o manuseamento de livros e por extensão, consideramos, a sua leitura.

 


[1] Chartier, Roger, A Ordem dos Livros, Vega, Lisboa, 1997, pp.11-12.

[2] Campos, Fernanda maria Guedes de Campos, Para se achar facilmente o que se busca. Bibliotecas, catálogos e leitores no ambiente religioso (séc. XVIII), Caleidoscópio, 2015, pág. 27.

                    

Novo Livro ou Jogo de sortes (…), Lisboa 1800. Contracapa ex-libris ms. IDJM (Infanta D. Isabel Maria ???). BA 58-I-17
          
COELESTE PALMETUM, Olisipone, 1787. Contracapa/folha volante ex-libris ms. Snr. Infante D. Miguel. Encadernação pele vermelha superlibros Armas Reais ferros a ouro, moldura com motivos geométricos ferros a ouro. BA 110-I-23.
  

      Gramática de la Lengua Castellana compuesta por La Real Academia Española, Quarta Edicion (…), Madrid, 1796. Superlibros D. Carlota Joaquina, ferros a seco sobre encadernação de pergaminho. BA 57-IV-52



Pequeno Catecismo Historico, ou Compendio Historico da Doutrina Christã (…), P. José Caetano de Mesquita, 1787. Folha de rosta ex-libris ms. P.D.P. BA F-XXXV-19

 IV. Livros de caracter pedagógico com marcas de posse e numeração alternativa

Diversas obras relacionadas com o estudo da geografia apresentam uma numeração sequencial, reveladora da existência de um núcleo autónomo, para o ensino daquela disciplina, e que poderá relacionar-se com a itinerância da corte e a necessidade de assegurar o ensino dos Príncipes nas diversas residências régias.

   
- 
Nouvel Atlas de la Jeunesse à l´usage des commençans, ou abrégé de l´atlas portatif…, Paris, 1816. Capa ms. Imp. Rainha. Contracapa ex-libris ms. Infanta D. Maria da Assumpção. BA 14-VI-21.
      
Plano de Cadiz













Em síntese, na história plural de uma biblioteca com o perfil da Biblioteca da Ajuda, enquanto instituição patrimonial, os leitores emergem comprovando que a existência de livros, pode relacionar-se, não só com o aparato régio e os processos de distinção social que têm na cultura um pilar, como, de igual modo, com o prazer da leitura, e da importância desta para a educação e formação intelectual.
_____________________

MMB

Aviso: leitura encerrada

Devido à realização das Jornadas Europeias do Património, a Biblioteca da Ajuda estará encerrada, à leitura, no dia 25 de Setembro (sexta-feira), retomando o horário normal na segunda-feira, dia 28 de Setembro.

 Agradecemos a compreensão dos nossos leitores para esta situação

Francisco de Holanda - A Luz Esquecida do Renascimento (RTP2)

Para ver ou rever: Francisco de Holanda - A Luz Esquecida do Renascimento: Documentário com a participação de Sylvie Deswarte-Rosa, Joaquim Caetano, Rafael Moreira, Isabel Almeida, Manuel Parada López de Corselas, José Cardim Ribeiro, Francesco Paolo Fiori, Vitor Serrão e Alessandro D'Alessio.


Francisco de Holanda (1517-1584) foi um humanista, um tratadista e um pintor português. Erudito, talentoso e audaz, Francisco de Holanda foi durante muito tempo considerado um dos mais importantes vultos do Renascimento em Portugal. Mas novas investigações revelam que Francisco de Holanda foi muito mais que isso: na Europa do séc. XVI, foi um dos mais prolíficos ensaístas sobre Arte e produziu o primeiro tratado sobre Retrato. O vanguardismo da sua obra escrita e gráfica é, ainda hoje, desconcertante.
Nunca publicado em vida, Francisco de Holanda não deixou de ser lido por reis, príncipes, diplomatas, artistas, intelectuais. Entre muitas outras aventuras, F. H. conheceu o Renascimento italiano pela mão de alguns dos seus protagonistas maiores, de Vitória Colonna a Miguel Ângelo. Os seus registos sobre a Roma dos anos 30 de 1500 são de valor incalculável para a Arqueologia e para a História da Arte (...).

JORNADAS DO PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO – EDUCAÇÃO

A Biblioteca da Ajuda associa-se a mais umas Jornadas Europeias do Património, este ano subordinadas ao tema Património – Educação, promovendo as seguintes iniciativas:

25 de Setembro | 6ª feira | 11:00 e 15:00



A educação dos príncipes nos acervos patrimoniais – Palácio e Biblioteca da Ajuda

Visitas orientadas a mostra expositiva na Biblioteca da Ajuda, seguidas de visitas ao Museu.

A partir dos acervos do Palácio Nacional da Ajuda e da Biblioteca da Ajuda, iremos abordar a educação dos príncipes da Casa Real portuguesa, ao longo dos séculos XVIII e XIX. 


Participação gratuita com inscrição obrigatória até dia 23 de Setembro através de: servicoeducativo@pnajuda.dgpc.pt



Imagem: Cours D’éducation pour les écoles du premier âge / Hubert Wandelaincourt. A Paris: Chez Ancelle, 1801

Biblioteca da Ajuda. 35-III-30 

AVISO

Informamos os nosso leitores que, por motivos de força maior, estaremos encerrados à leitura nos dias 17 e 18 de Agosto (segunda-feira e terça-feira), reabrimos no dia 19 de Agosto (quarta-feira), mantendo-se as regras de acesso agora em vigor que podem ser consultadas [Aqui]

Desde já as nossas sinceras desculpas por qualquer transtorno causado.

A Coordenadora






Destaques do Acervo: Ricordo del viaggio in Persia della Missione italiana ,1862

A Biblioteca da Ajuda integra no acervo um álbum de fotografias de Luigi Montabone - fotógrafo da primeira missão oficial do Reino da Itália no Irão levada a cabo em 1862.
BA 123-III-39

O álbum em questão é um trabalho extremamente importante, seja pelo raro testemunho visual que oferece, seja pelo papel que teve no desenvolvimento de estudos historiográficos relacionados com fotografia durante o período em que a Pérsia (Irão desde 1934) foi governada pela dinastia real Qajar, de origem turca, especificamente da tribo Qajar, que governou a Pérsia de 1789 a 1925.


Marcello Cerruti


A missão em questão, ordenada por Rei Vítor Emanuel II, foi planeada e organizada por Camillo Benso de Cavour, liderada por Marcello Cerruti e era composta por 19 membros de diferentes áreas: diplomática, militar, comercial e científica.   
Grupo da Missão


A composição da missão que incluía cientistas desacatados visava representar o prestígio político e cultural da nova Itália. 






Figuras significativas incluem um grupo de cientistas, incluindo Giacomo Lignana, professor de filologia comparada na Universidade de Nápoles; Camillo Ferrati, professor de geodésia da Universidade de Turim e matemático Michele Lessona, professor de história natural da Universidade de Gênova e médico; Filippo De Filippi, diretor do Museu de Geologia de Turim; Giacomo Doria, jovem naturalista genovês e Carlo Orio, bacólogo, todos destinados a ocupar posições importantes no panorama científico italiano.

Palácio real em Teerão, vista do jardim
      
Mesquita de Sultanieh
  

Soldados persas


Palácio real de Kasvin

Mais [aqui]

REABERTURA DA BIBLIOTECA DA AJUDA MEDIDAS DE PROTEÇÃO FACE À PANDEMIA DE COVID-19


O PNA/BA informa que, com o intuito de proporcionar aos seus leitores um serviço mínimo de acesso ao acervo documental, tendo em vista a continuidade de muitas das investigações em curso, irá a assegurar a leitura presencial, apesar de apenas poder contar com a assistência de uma pequena equipa de funcionários da Biblioteca da Ajuda. O PNA/BA garantem que será efectuada a higenização regular dos espaços e dos materiais como mesas, portas e puxadores, computadores e que todos os elementos da equipa da BA usarão, a tempo inteiro, materiais de protecção (máscara facial).

Neste sentido e com o objectivo de manter os nossos leitores e a nossa equipa seguros e saudáveis, tomamos a decisão de abrir ao público mediante as seguintes condições:

1. Obrigatoriedade de uso de máscara de protecção facial e higienização das mãos com solução antissética de base alcoólica, disponibilizada no local, antes de entrar nas instalações da BA;

2. A leitura presencial passa a ser possível às segundas, quartas e sextas feiras, das 10h30- 13h00 e das 14h00-17h00; as terças e quintas feiras ficam reservadas para respostas a informações, à distância, satisfação de pedidos de digitalizações e seleção da documentação antecipadamente reservada por e-mail;

3. Na sala de leitura só serão aceites, por dia, 5 leitores, correspondendo a 1 leitor por mesa;

4. Só serão aceites, por dia, 2 leitores, que pretendam unicamente efectuar pesquisas, sem possibilidade de consulta, que deverão permanecer na mesa de entrada da Biblioteca da Ajuda;

5. O acesso à leitura e à elaboração de pesquisas passará a ser feito mediante marcação antecipada do(s) dia(s) pretendidos. As marcações da leitura devem ser formuladas por escrito (bibajuda@pnajuda.dgpc.pt), com a identificação clara do requerente e respectivo n.º de leitor da BA (caso já possua);

6. Os números de espécimes a consultar, 12 por dia, mantém-se inalterado salvo no caso da documentação avulsa que poderá ir até 18 espécimes, sujeito a reserva antecipada, por e-mail (bibajuda@pnajuda.dgpc.pt);

7. A fim de diminuir o tempo de espera pela documentação a consultar, a leitura deve ser requisitada previamente, até às 16h00 da véspera do dia marcado para a consulta presencial, através do e-mail (bibajuda@pnajuda.dgpc.pt);

8. Os leitores deverão levar para a sala de leitura os materiais essenciais para a pesquisa que irão efectuar estando totalmente vedada a entrada de livros e materiais escritos avulso dos próprios;

9. Os pedidos para reproduções passam a ser feitos, unicamente, por e-mail (bibajuda@pnajuda.dgpc.pt), cabendo ao leitor a identificação correta da obra e paginas a pedir (qualquer erro de identificação detectado implica a não realização do respectivo orçamento); será dada prioridade absoluta a pedidos de digitalização respeitantes a obras que apenas existam na BA;

10. As visitas de estudo ficam sujeitas a avaliação previa da viabilidade das mesmas tendo em conta o n.º de participantes e a disponibilidade de técnicos da BA para as orientar.

Agradecemos aos nossos leitores a melhor compreensão e o cumprimento das novas regras de acesso à Biblioteca da Ajuda de modo a podermos manter o nosso serviço aberto e em segurança para todos.