Marcas de posse

(...) Ex-libris manuscrito do Bailio de Negroponte:




Philalethe Eupistino, Germano        
Authoritas contra praedeterminationem physicam proscientia media: cum brevi historiâ complectente ortum, pugnas & palmas ejusdem scientiae mediae ...
Duaci : ex typographiâ Joannis Patte, sub signo Nativitatis, 1669
[4], 211, [5] p.; 8º. Pert. ms. do bailio de Negroponte
BA. 98-III-37




 Casos raros de la confession : con reglas, y modo facil para hazer una buena confession general, ó particular : y unas advertencias para tener perfecta contricion; y para disponer se bien en el articulo de la muerte : sexta impression / por el. P. Christoval de Vega. - En Lisboa : por Juan de la Costa, 1667
[4], 504, [8] p. ; 12o (15 cm). - Pert. ms. Bailio de Negroponte; S. Roque (Livraria Pública)
BA. 98-III-24



Fr. João Brandão Pereira, 16--?- 17-12-1680
Bailio de Negroponte, fundador da capela de Nossa Senhora da Boa Nova na Igreja de Santa Marinha, em Lisboa, no bairro de Alfama, na qual foi sepultado a 17 de Dezembro de 1680, de acordo com o declarado pelo  administrador do bairro de Alfama, Dr. João Baptista de Seixas:

"FAÇO saber, que estando determinado a demolição das Igrejas profanadas de Santo André, e de Santa Marinha, deste Bairro, e existindo alli despojos mortaes encerrados em túmulos e sepulturas, entre os quaes se tornam salientes os que tem inscnpções, (...) e na de Santa Marinha um túmulo de pedra de cantaria sobre dous elefantes com uma inscrípcão que diz:
Aqui jaz Fr. João Brandão Pereira, Bailio do Negro Ponto, e Comendador das Commendas de Oliveira do Hospital, e Agoas Santas, da Sagrada Religião de S. João Baptista de Jerusalém, falleceu no anno de 1680 aos 17 de Dezembro". -  Diário do Governo de 1844, n.º 050S1, p. 1377 [ aqui]


A Igreja de Santa Marinha, no bairro de Alfama, localizada no actual largo de Santa Marinha, foi sagrada a 12 de Dezembro de 1222 [Corografia portugueza (...) Cap. VIII, pag. 363, aqui], terá sofrido poucos danos em 1755 mas, em 1834, por força da extinção das Ordens Religiosas, e por ter sido considerada "profana", foi decidida a sua demolição em Outubro de 1837 que, no entanto, só terá início em janeiro de1845 e se estenderá até 1853 [Lisboa antiga...., vol. VII, cap. IV, p. 227,  [aqui] ].                                                                         
                                                                                                                                                      (...)

Marcas de posse

Marca de propriedade, Marca pessoal ou simplesmente Pertence, é o elemento que se coloca num livro ou documento e que identifica o seu possuidor.

Super-libros, ex-libris, ex-dono, carimbos, etiquetas ... são muitas das formas de marcas que nos indicam a quem pertenceu determinada obra. Uma obra poderá ter uma ou mais marcas de posse, indicando, como tal, a sua "pertença" a um ou mais possuidores.

De entre as diferentes marcas de posse o ex-libris é uma expressão de origem latina que significa, literalmente, dos livros de... servindo, como tal, para comprovar da posse de um livro, individual ou colectiva; pode, entre outras formas, ser manuscrito e figurar em qualquer parte do livro.


Um livro "marcado", qualquer que seja o tipo de marca, conta uma história que nos leva, além das descrições bibliográficas, até ao "dono". Tal é o caso da obra abaixo que possui, no frontispício, uma marca de posse, manuscrita, "de Andre Gonçalues Pintor"...

CARVALHO, Lourenço Pires de, 1642-1700, (O.M.C.) ; DESLANDES, Miguel, 16---1703 ; GONÇALVES, André, (pintor) 1685-1762 ; PINHO, Ant. ; Tribunal da Cruzada - Epitome das indulgencias, & privilegios da Bulla da Santa Cruzada : repartido para mayor clareza em titulos pelas indulgencias, & diversas faculdades, que cõtem, com algu[m]as advertencias no principio. Lisboa : na officina de Miguel Deslandes, impressor delRey N. Senhor & do Tribunal da Cruzada : á custa da mesma , 1696. [16],112 p.
BA. 98-III-10 - Pert. ms.: "de Andre Gonçalues Pintor"


 
 


André Gonçalves (Lisboa 1685-1762)

Pintor do Barroco Português, membro da Irmandade de S. Lucas, considerado como um dos grandes responsáveis pela mudança estética que se operou em Portugal no início do século XVIII.

As suas obras encontram-se representadas por toda a cidade de Lisboa nomeadamente, no convento da Madre de Deus (actualmente o Museu Nacional do Azulejo), na ermida de St.º Amaro e na igreja de S. Roque. Participou também nas obras do Convento de Mafra, entre outras.

(...)

O que é um incunábulo

Este termo – com origem no latim (in) cunabulum: (no) berço - designa um livro impresso com caracteres móveis, fundidos em metal, entre a invenção da prensa e o fim do séc. XV, isto é: até 31 de Dezembro de 1500 (inclusive), data arbitrária mas necessária.

“Pós-incunábulo” é a designação atribuída, na segunda metade do séc. XVIII, às edições impressas que apresentavam ainda a aparência de folhetos góticos.

No Incunabula Short Title Catalog, ISTC (
http://istc.bl.uk/), há registo de 30350 incunábulos, sendo a maior parte com texto em latim – só 30% em língua vernácula - com edições italianas (10 523), germânicas (10 437) e francesas (5 387), maioritariamente; refira-se as 47 edições portuguesas.

Um incunábulo tem a aparência de um livro manuscrito medieval: é compacto, não apresentando ainda a folha de rosto, a qual viria a incluir título, autor, local e oficina de impressão, e referência tipográfica do impressor/ livreiro.

Esta hierarquização da informação do livro, complementada pela introdução de paginação, capítulos, ilustração e outros elementos, surge por volta de 1540.

As páginas são impressas recto verso, em papel (desde o séc. XIII) ou pergaminho, apresentando o texto a 2 ou 3 colunas de 30 a 70 linhas cada.

Surgem, entretanto, os caracteres móveis gregos, principalmente em Itália; também os caracteres hebraicos surgem em tipografias em Itália (Roma, Brescia, Mântua, Bolonha) e na Península Ibérica (Hijar, Lisboa, Leiria).

Só um número muito reduzido de incunábulos contém ilustrações e em alguns encontra-se a capitular manuscrita, após impressão.

O aspeto visual do livro, tal como o conhecemos, fixa-se entre 1530 e 1550.
 
  A Biblioteca da Ajuda tem o privilégio de possuir no seu acervo 3 exemplares de Liber Chronicarum, conhecido também como Crónica de Nuremberg (1493), que disponibiliza aos seus leitores para consulta e fruição.

Trata-se de um magnífico incunábulo (c. 600 páginas) dos primórdios da impressão, com texto em latim de Hartmann Schedel (1440-1514) – médico, cartógrafo e colecionador de obras humanistas -, que conta a história da humanidade, desde a sua criação até 1490.
Inaugura a inclusão de ilustrações impressas com blocos de madeira, com desenhos de cidades – uns autênticos, outros inventados ou adaptados – revelando-se estes de grande interesse artístico e topográfico.

São parte das mais de 1800 xilogravuras, da autoria de Michael Wolgemut (1434-1519), mestre de Albrecht Dürer, e Hans Pleydenwurff (1460-1494), que, juntamente com o texto e dominando, em número e escala, a composição deste, foram laboriosamente impressos por Anton Koberger (1445-1513), ourives e impressor de inovadora e profícua capacidade técnica


SCHEDEL, Hartmann
Liber chronicarum / [grav.] Willelem Pleydenwurff ; Michæl Wohlgmuth.
Nürnberg : Anton Koberger, 1493 Julho 12
[20], I-CCXCIX, [I], [6] f. : il., map. ; 2°.
Faltam : [F.1] portada xilogr., CCLLVIIII a CCLXII, CCLXIIII, CCLXV, CCLXVII, CCXCVIII, [321 e 322]. — Pert. : Bib. Necessidades. — Enc. séc. XVIII. carn.

BA   48-XIII-16