Faz, neste dia, 137 anos que

Em 1886, casou o príncipe Real D. Carlos com a princesa Marie Amélie Louise Hélène d’Orléans, filha dos Condes de Paris, Luís Filipe e Maria Isabel de Orléans.

O evento, cujo programa foi alvo do decreto de 13 de Maio de 1886 [aqui], estendeu-se por vários dias e constou, para além da cerimónia religiosa no dia 22 de Maio, na Igreja de São Domingos em Lisboa,  de recepções nos Paços de Belém e da Ajuda, jantares, bailes, récitas de gala nos teatros Reais, S. Carlos e D. Maria, paradas, fogos de artifício, corridas de cavalos... que se estenderam até ao dia 1 de Junho.

O vasto programa das festas, alvo de interesse generalizado, foi amplamente divulgado, num só n.º ou em vários, pela imprensa escrita de então, como: 

Ocidente, n.º 267-270 (21 de Maio a 21 de junho) [aqui];

Diário Ilustrado [aqui]

A Folha ilustrada [aqui]

Por essa altura e porque a cada ocasião, de acordo as respectivas características da cerimónia, correspondiam regras sobre o que se deve vestir, deixamos, abaixo, um doc., em francês, sobre a roupa, e adereços, que Damas do Corpo Diplomático deveriam usar nos diferentes eventos:


[1886], 22 a 26 de Maio

Dia 22, casamento: vestido decotado, mangas curtas, manto de Corte, mantilha branca; dia 23, recepção: toilete igual a 22 sem mantilha; Teatro de S.Carlos: vestido decotado e mangas curtas; dia 24, recepção na Ajuda, mesma toilete de 22 sem mantilha, Jantar no Paço da Ajuda: vestido decotado e mangas curtas; dia 25, parada na Avenida da Liberdade: vestido curto e chapéu; dia 26 , baile na Corte: toilete de baile. Papel timbrado de: "Serviço de Sua Magestade A Rainha"

PNA 8.1.1_n.º 199

 Estas questões, que não se podem dispensar sobretudo na altura em que se prepara o enxoval de uma futura Rainha, foram alvo de pedido de esclarecimento, por carta do Conde de Seisal, Pedro Maurício Correia Henriques, que de Paris escreve à Camareira-mor da Rainha Maria Pia, a colocar as dúvidas suscitadas pela Condessa de Paris, Isabel de Orléans, mãe da Princesa Amélia:

PNA 8.8.1, n.º 39

Hotel Bristol, Paris
19 de Fevereiro de 1866

Carta do Conde de Seisal [Pedro Maurício Correia Henriques] para a Camareira-Mor [D. Gabriela de Sousa Coutinho]





Toma a liberdade de lhe escrever para poder responder a umas dúvidas, que lhe apresentou a Condessa de Paris [Isabel de Orleães], tocante ao que necessitava de preparar para o enxoval da filha [Amélia de Orleães], noiva do Príncipe Real [D. Carlos], por desconhecer os costumes da Corte portuguesa em matéria de toiletes e etiqueta. Pergunta, entre outros assuntos, qual o vestuário e etiqueta para a Princesa, sua mãe e senhoras francesas da comitiva para diversas situações: chegada, cerimónia do casamento, recepções, festas, teatro etc. Pede-lhe que lhe mande a resposta até dia 25 para Cannes, para a casa do Conde de Paris [Filipe de Orleães]


PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 1v-2




PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 2v

PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 3









PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 3v-4

Publicação de textos

No âmbito do IX Colóquio Internacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX - Modus Operandi, que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda de 16-18 de Novembro de 2022, já estão disponíveis, aqui, os textos das narrativas apresentadas.




De entre as diversas comunicações, agora publicadas em formato digital, destacamos, pela sua direta relação com o acervo da Biblioteca da Ajuda os textos seguintes:

— “Gosto Musical e coleccionismo de D. João VI e D. Carlota Joaquina: Sua expressão na Biblioteca da Ajuda" de Mafalda Magalhães Barros e Maria João Albuquerque que a partir do importante acervo musical da Biblioteca da Ajuda, abordam o papel de D. João VI e de D. Carlota Joaquina no campo do "coleccionismo informado" caracterizado pelo evidente apoio, destes, à produção artística e aos artistas.





Te Deum Laudamus a 4 vozes com grande orquestra... Dedicada a Sua Magestade Imperial e Real a Senhora D. Carlota Joaquina Rainha de Portogal [sic] Para solenizar a feliz chegada de S. A. Serenissima o Snr. Infante D. Miguel. Lisboa, 1827. BA 48-IV-17, n.º 1.



— "Duas pinturas e dois desenhos inéditos de um professor e de um aluno da Academia de Belas-Artes de Lisboa: Máximo Paulino dos Reis (1778-1865) e Vítor Bastos (1829-1894)", do Professor Eduardo Duarte que foca a importância, na "... perspetiva cripto-artística de obras esquecidas de coleções desaparecidas e de trabalhos que não passaram da fase de conceção, projeto e de fragmentos..." de obras presentes em colecções particulares e instituições públicas de entre das quais uma, de Máximo Paulino dos Reis, faz parte do acervo da Biblioteca da Ajuda.







Máximo Paulino dos Reis
Póvoa de Santa Iria, 4.ª Estação do Caminho de Ferro (1862), guache, 49 x 64,3cm. 
Biblioteca da Ajuda, Reg. 1101.