nascia, no Paço da Ribeira, o tão
Desejado príncipe, D. Sebastião, garante
da independência do trono de Portugal, face a Castela, devido ao trágico contexto
dinástico da época. Cerca de 2 semanas antes do nascimento de D. Sebastião, morrera
o seu Pai, D. João, último sobrevivente dos nove filhos de D. João III e de D.
Catarina de Áustria.
D. João III, que viria a falecer
passados quase 4 meses, deixara disposições em capítulos
(BA - 51-IX-32, f. 87v-88v – cópia) sobre
a tutoria e curadoria de D. Sebastião, seu neto, ser confiada à Rainha D.
Catarina sua avó, que governará em nome do seu neto até ele atingir os 20 anos
de idade, caso seja de menor idade à data do seu falecimento.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNJb7e31UI-Lv9qG8EpYq4Yodl90rEf34_UAoGvRAPQnZF-IM_7jTv31HqLTo6_ofdH4Zp3Qz310kLDF5SenkLAe6eZ6jWWjmz7eIniR5E-uuXUrPlMkPpkDWppAwIyrLyAZZryw/s1600/51-IX-32_fl+88v.jpg) |
51-IX-32, fl 87v |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybR6or3V6wROO4ow4zpYUoNilBoOxYA6XASrlDvyuNptxYgMv_gJd1gTfUcnQIMQf-i0jTwzCsW3fKvDMc4PimgFOJJn3-WKH8SpIhYpx_yV_iDm-WEpxiTaT_U8Md8YUyg8mRQ/s1600/51-IX-32_fl+89.jpg) |
51-IX-32, fl 88v |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKrhijfXBNz7E6M2Gah1qZDBN3_AIHP5O0S1TUZRPPjzVWhUknvm01t2K4iHuYHvZzOfXCPwcAY5NH7eANtT-dtWpTwn3L64Ndg485eGgeMVNLd6bU6Gs2YNM59bbuk1xX3JxTA/s1600/51-IX-32_fl+89v.jpg) |
51-IX-32, fl 88 |
A Biblioteca da Ajuda conserva,
de facto, vasta e diversa documentação no núcleo da Casa Real Portuguesa, neste
caso, directamente referente à vida e ao reinado de D. Sebastião (1554 – 1557 –
1578). A variada temática deste espólio abarca os contextos nacional (continental
e ultramarino) e internacional, e as suas relações; bem como permite desvendar
traços de personalidades, a começar pela do próprio rei.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitGvn1SU_hrVtlIUo_6yj52aEZajsOCS35CsctQ7H1rQTxiFktfxA510aFee_b6H7FSVy9nCShzDDwtXkS6BgD-2LDMOw1lMICYPj8LK8RmaIWJSVNEqfP2NB-v_3RBfTBlv8akA/s1600/FH00rosto_70dpi.jpg)
Acresce o facto de que, enquanto
antiga Livraria Real, a Biblioteca da Ajuda tem no seu acervo múltiplas obras
autografas dedicadas aos monarcas, das quais destacamos nesta informação o
famosíssimo tratado
Da fabrica que falece à Cidade de Lisboa (Ms. BA-52-XII-24) - verdadeira
preciosidade da BA - dedicado por Francisco de Holanda, em 1571, ao rei D.
Sebastião.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ__Ru3GESjcx5aa4tAi6WpW7TqLqCd3b11dbNQqAF_TNLLbHmDeRZkVcQZ9xQKV0lr-F1UNoW9JUsT0YNqkB5SpL2MrdOhhy6LrmJKg1WL67hZIftklArmXdxre3t9SHXdIzpvg/s1600/FH002.JPG)
Francisco de Holanda (Lisboa, 1517-1584)
teve formação em Évora, na época centro humanista português e sob a protecção de
D. João III, esteve depois em Roma, regressando a Portugal na transição de 1541
para 1542, onde viria a desenvolver actividade (como iluminador, arquitecto,
pintor e tratadista) no círculo da corte. Porém, desde a morte do rei, que
os serviços de Francisco de Holanda deixaram de ser solicitados, tendo
abandonado a corte e pensando-se que os tratados
Da fabrica que falece à Cidade de
Lisboa e
Da Ciência do Desenho, que em 1571 dedicou a D. Sebastião, não
tiveram bom acolhimento; Por essa mesma razão, em 1572, Francisco de Holanda escreve a Filipe
II de Espanha, disponibilizando-lhe os seus préstimos, o que viria a acontecer
com a União Dinástica.
Da fabrica que falece à Cidade de
Lisboa pertenceu ao conde do Redondo, cuja biblioteca foi comprada por D. José, entre 1762 e 1777, no âmbito do projecto do monarca de refazer a
Livraria Real, muito destruída pelo terramoto de 1755. Outro facto acidentado
foi o deste manuscrito, na sequência da 1ª invasão francesa, ter acompanhado a
deslocação da corte para o Brasil e ter regressado com a mesma a Portugal, em
1821.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVVHbgaxxQMeP6Bnt0p7iw4mfHdNdkaR_GdoxzethGNGVuAypQIAQIDjRB5ne4x7bs7CARbcK3UtZNBAFJNlpE8KllFEIgmGOoS7ekTeiIrsOAv_ureWkvkBK8Fuf6bJJ7BuQhiA/s1600/FH021.JPG)
Em
Da Fábrica que
falece à cidade de Lisboa, Francisco de Holanda exorta o rei D.
Sebastião a dotar Lisboa, diríamos hoje, de infra-estruturas (exemplo: pontes,
fornecimento das águas livres), arruamentos e edifícios com dignidade correspondente
à do vasto império marítimo português.