Dia Internacional do livro infantil: 2 de Abril

Na qualidade de “casa de livros” a Biblioteca da Ajuda (BA) assinala este dia atestando a importância e a intemporalidade dos livros, neste caso, para a infância.

No acervo da BA, ao contrário do que seria de supor,  pelas características patrimoniais do mesmo, não existiriam livros “ditos” infantis ou juvenis,  mas existem, efetivamente, dois exemplares diferentes, em séculos, colecções e raridade.

Uma dessas obras, classificada por Brunet[1] como Belle et très-rare edition..., da colecção de incunábulos[2]é a vida e fábulas de Esopo, numa versão Italiana e latina, ilustrada com belíssimas gravuras (xilogravuras), alusivas ao tema das fábulas e vida do seu autor, e com marcas da “proprietária” que assinalou, por toda a obra, evidências da sua posse, através do que consideramos ser um treino de grafia do seu nome, “Lucrezia Bolognese”, "Lucrezia bolocineze" "Lucezia belle", "A Lucrezia bolognese Ant".., e não só. Obra curiosa alia as fábulas e os seus exemplos morais, com ilustrações que serviriam para aguarelar, e algumas foram, à semelhança dos livros para colorir, atuais.

[Aesopi Vita et fabulae..] / [trad. lat.] Francisco Tuppo. - Napoli : [Francisco Tuppo e Germani Fidelissimi], 1485 Fevereiro 13. - [158] f. il. ; 2°. — Assin.: a6 b10 c8 e6 f6. — Pert.: Lucrezia Bolognese.. [ms.]

Colofão: ‘‘Impresse Neapoli ...sub anno domini M. CCCC. LXXXV. die XIII mensis Februarii’’.

BA 48-X-12

xilogravura não colorida

A outra obra, já em pleno século 19, Les contes de Perrault , com ilustrações de Gustave Doré[3], pertence à colecção de álbuns e tem aposto o selo do Arrolamento Judicial dos bens existentes no Paço da Ajuda “U’’’3129”[4], que certifica a sua pertença, à Casa Real.

Les contes de Perrault: desenhos de Gustave Doré. Preface par P.-J. Stahl
Paris: Hezel, 1862, 1862
BA 125-II-14

                           


Com características diferentes da obra de Esopo, apesar de tanto as fábulas como os contos de fadas remeterem para finais morais, esta é uma obra que, pelas suas dimensões generosas, qualidade das ilustrações e luxo da encadernação, poderemos classificar de aparato. Contos como Cinderela, o Gato das botas, Bela adormecida e tantos outros permanecerão no imaginário infantil, e não só, quer comecem pela frase, Era uma vez... ou Il était une fois...


Le maitre chat ou le chat botte [Gato das botas]




La belle au bois dormant [Bela adormecida]
Como o dia em questão também homenageia Hans Christian Andersen, cujos contos infantis se encontram entre os mais lidos de sempre, a BA recomenda a obra abaixo, referente à vinda a Portugal do príncipe dos contistas modernos.., como lhe chamou o escritor Júlio César Machadono artigo publicado, em 1885, na revista Ilustração Portuguesa e o portal da BNP, dedicado ao mesmo contista, por ocasião da exposição que, em 2005, assinalou os 220 anos do seu nascimento: 


A Ilustração Portuguesa : semanário : revista literária e artística, 2º Ano

N.º 17, 9 de Novembro de 1885 [aqui]




Uma visita em Portugal em 1886 /  Hans Christian Andersen;  tradução direta e notas de Dr. Silva Duarte. - Lisboa: Nova Lisboa Gráfica, Lda.; In-8º de 177, [3]p. páginas; ilustrado

BA 111-IX-50




Hans Christian Andersen: 1805-1875 (portal BNP) [aqui]


[1] Brunet, Jacques-Charles, Manuel du libraire et de l'amateur de livres. Tome I, Aa-Chytraeus / col. 98

[2] Designação do livro impresso com caracteres móveis, entre a invenção da prensa e o fim do séc. XV

[3] Gustave Doré (1832—1883), pintor, desenhador e ilustrador francês de livros de meados do século XIX

[4] Auto de Arrolamento 426: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4683796


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