Fernando Pessoa em Espanha / comis. Antonio Sáez Delgado, Jerónimo Pizarro; textos Antonio Sáez Delgado...[et al.]. - Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal: Babel, 2014
A presença de Fernando Pessoa em Espanha tem qualquer coisa de velho fantasma familiar. Nunca se interessou demasiado pela cultura espanhola, mas entrou em contacto com alguns dos escritores andaluzes do seu tempo. Nunca viajou ao país vizinho, mas escreveu sobre a estrutura de Espanha e sobre o seu papel no contexto da Ibéria. Nunca chegou a conhecer nem a dialogar por escrito com Miguel de Unamuno, mas escreveu textos em que polemiza com o autor de Por tierras de Portugal y de España.
Contudo, visto de uma outra
perspectiva, poderemos afirmar que Fernando Pessoa manifestou algum
interesse por Espanha e pelos seus escritores, como demonstram os seus
textos ibéricos, e também poderemos afirmar que os escritores espanhóis
do seu tempo manifestaram alguma paixão pelo poeta a partir de 1923,
data da primeira tradução de um poema de Fernando Pessoa em Espanha.
Nesse ano começa a lenta mas
sólida recepção do poeta no país vizinho, consolidada após à sua morte
graças ao esforço de escritores e críticos dos anos quarenta e cinquenta
e, sobretudo, graças à antologia da sua poesia que publica em 1962 o
poeta mexicano Octavio Paz, que faz estalar o boom pessoano em
Espanha a partir dos anos oitenta do século XX. De então até à
actualidade, o nome de Pessoa passou a referência inquestionável entre
os escritores espanhóis e a presença constante no meio literário
espanhol, em todas as suas diferentes manifestações culturais e em todas
as suas línguas.
A exposição Fernando Pessoa em Espanha pretende
percorrer este caminho e mostrar quem foi e quem é Fernando Pessoa no
âmbito da cultura espanhola, através de cartas, textos e livros. Um
Pessoa, sem dúvida, menos conhecido, menos visto, que documenta a
dimensão ibérica do seu trabalho.
Antonio Sáez Delgado e Jerónimo Pizarro (Comissários)
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