José Monteiro da Rocha (1734-1819): notícia do seu legado na Biblioteca da Ajuda (BA)


Em 1819 morre em Carnaxide, Lisboa, o Dr. José Monteiro da Rocha. Educado por jesuítas no Brasil, ordem de que se tornará membro entre 1752 e 1759, cruza indirectamente o caminho da futura D. Maria II já que a sua carreira pedagógica na Universidade e a reforma pombalina da mesma, de que ele se encarregou na sua área, lhe trazem a notoriedade que o escolheu para conselheiro do então príncipe regente D. João, futuro D. João VI, e preceptor* do seu filho Pedro, futuro pai de D. Maria II, e mestre dos restantes infantes entre 1801 e 1807, data do embarque para o Brasil da Corte. As competências organizativas e o nível dos seus conhecimentos científicos e matemáticos são nele aplicados à educação pública e a uma atitude reformista que encontra paralelo na de D. Maria II no campo da educação pública e privada. Esta relação estreita com a Família Real nas gerações que precederam D. Maria II, marcada por coincidências biográficas como vimos, tem expressão documental no arquivo histórico da Biblioteca da Ajuda, na gerência do bibliotecário P. José de Abreu e Lima. É do seu punho o documento que regista a entrada da biblioteca do Dr. José Monteiro da Rocha na Real Biblioteca que, desde aí, integra a colecção à sua guarda. Terão sido alguns destes exemplares que prepararam as lições infantis e juvenis de D. Pedro IV e que, assim, integraram o capital de conhecimentos e experiência que o moldou e à sua filha-Rainha. Provavelmente, foram também talvez utilizados por Ela no Paço das Necessidades, para si ou para os seus filhos.

*Substiuído por Fr. António da Arrábida que acompanha a Família Real para o Brasil.

- 52-XIV-35, Nº 42 ["Documentos para a história da BA"]: catálogo alfabético (…) da biblioteca do Conselheiro Dr. José Monteiro da Rocha (…) – [Nov. e Dez. 1822 entrada BA]


“Catalogo Alfabetico dos livros, de que, por seus Auctores e títulos simplesmente notados, se formava a Biblioteca do Conselheiro o D.or Jozé Monteiro da Rocha, e por elle doada em verba de testamento ao Serenissimo Principe Real o Senhor D. Pedro de Alcântara. / Principiou-se a fazer esta entrega na Casa da Livraria do Paço da Ajuda com assistência do Senhor Corregedor do Bairro de Belem José António Maria de Souza e Azevedo no dia 20 de Novemb. 1822, assim ordenado por Avizo do Secretario d’Estado dos Negocios do Reino Filippe Ferreira d’Araujo e Castro, e se estendeu a dita entrega em forma de inventário por hu[m]a relação dos mesmos livros nos dias 20=21=22,,23=25=27=29= em dezembro nos dias 2 e 3.”

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