Há 461 anos, no dia 20 de JANEIRO de 1554,



nascia, no Paço da Ribeira, o tão Desejado príncipe, D. Sebastião, garante da independência do trono de Portugal, face a Castela, devido ao trágico contexto dinástico da época. Cerca de 2 semanas antes do nascimento de D. Sebastião, morrera o seu Pai, D. João, último sobrevivente dos nove filhos de D. João III e de D. Catarina de Áustria.

D. João III, que viria a falecer passados quase 4 meses, deixara disposições em capítulos
(BA - 51-IX-32, f. 87v-88v – cópia) sobre a tutoria e curadoria de D. Sebastião, seu neto, ser confiada à Rainha D. Catarina sua avó, que governará em nome do seu neto até ele atingir os 20 anos de idade, caso seja de menor idade à data do seu falecimento. 

51-IX-32, fl 87v
51-IX-32, fl 88v
51-IX-32, fl 88
A Biblioteca da Ajuda conserva, de facto, vasta e diversa documentação no núcleo da Casa Real Portuguesa, neste caso, directamente referente à vida e ao reinado de D. Sebastião (1554 – 1557 – 1578). A variada temática deste espólio abarca os contextos nacional (continental e ultramarino) e internacional, e as suas relações; bem como permite desvendar traços de personalidades, a começar pela do próprio rei.

Acresce o facto de que, enquanto antiga Livraria Real, a Biblioteca da Ajuda tem no seu acervo múltiplas obras autografas dedicadas aos monarcas, das quais destacamos nesta informação o famosíssimo tratado Da fabrica que falece à Cidade de Lisboa (Ms. BA-52-XII-24) - verdadeira preciosidade da BA - dedicado por Francisco de Holanda, em 1571, ao rei D. Sebastião.

Francisco de Holanda (Lisboa, 1517-1584) teve formação em Évora, na época centro humanista português e sob a protecção de D. João III, esteve depois em Roma, regressando a Portugal na transição de 1541 para 1542, onde viria a desenvolver actividade (como iluminador, arquitecto, pintor e tratadista) no círculo da corte. Porém, desde a morte do rei, que os serviços de Francisco de Holanda deixaram de ser solicitados, tendo abandonado a corte e pensando-se que os tratados Da fabrica que falece à Cidade de Lisboa e Da Ciência do Desenho, que em 1571 dedicou a D. Sebastião, não tiveram bom acolhimento; Por essa mesma razão, em 1572, Francisco de Holanda escreve a Filipe II de Espanha, disponibilizando-lhe os seus préstimos, o que viria a acontecer com a União Dinástica.

Da fabrica que falece à Cidade de Lisboa pertenceu ao conde do Redondo, cuja biblioteca foi comprada por D. José, entre 1762 e 1777, no âmbito do projecto do monarca de refazer a Livraria Real, muito destruída pelo terramoto de 1755. Outro facto acidentado foi o deste manuscrito, na sequência da 1ª invasão francesa, ter acompanhado a deslocação da corte para o Brasil e ter regressado com a mesma a Portugal, em 1821.
Em Da Fábrica que falece à cidade de Lisboa, Francisco de Holanda exorta o rei D. Sebastião a dotar Lisboa, diríamos hoje, de infra-estruturas (exemplo: pontes, fornecimento das águas livres), arruamentos e edifícios com dignidade correspondente à do vasto império marítimo português.

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