Primeira Bíblia impressa na América: Bíblia de John Eliot



Mamusse wunneetupanatamwe Up-Biblum God : naneeswe Nukkone Testament kah wonk Wusku Testament• Ne quoshkinnumuk nashpe Wuttinneumoh Christ noh asoowesit John Eliot. Nahohtôeu ontchetôe printeuoomuk, conhecida como a Bíblia de John Eliot – o Apóstolo do Índios -, teve a sua primeira edição em Cambridge (Massachusetts, New England), no ano de 1663, e uma segunda, revista e aumentada, em 1685. 

Um exemplar da primeira edição pertence ao acervo desta biblioteca (BA 7-IV-26) e um outro da segunda edição (BA 7-IV-27), ambos traduzidos por John Eliot (1604-1690), missionário nascido em Inglaterra e evangelizador de nativos ameríndios. Os impressores destas obras foram Samuel Green e Marmaduke Johnson.

Ensinar a língua inglesa era um processo mais lento do que evangelizar, referem alguns; ler a bíblia na língua algonquina transcrita estaria ao acesso de vários missionários – também por se saber que esta edição havia sido adaptada e simplificada para interiorização mais eficaz - e, com o passar do tempo, de índios já convertidos ao cristianismo e em trabalho de missionação (Praying Indians).

Este laborioso trabalho de transcrição fonética para algonquino (isto é: tradução fonética com alfabeto "europeu") surge na sequência de redacção traduzida e publicada, nessa língua indígena – que não possuía alfabeto -, de um catecismo Rules for Christian Living (1653) e de um livro de Salmos, Up-bookum Psalmes (1663), de entre outras edições de catequização cristã. 

The Holy Bible Containing the Old Testament and the New. Translated into the Indian Language  - a que se segue o título em algonquino, supra escrito  - é, de facto, a primeira bíblia publicada nas colónias do Novo Mundo – actualmente os Estados Unidos da América - , tendo sido a primeira edição completa em língua inglesa publicada cerca de 120 anos mais tarde. 

Vários são os argumentos apresentados por especialistas para entender a razão por que demorou tanto tempo a concretizar-se uma edição inglesa na América, sendo possivelmente a mais verosímil a que refere os baixos custos de publicação e de importação das Ilhas Britânicas, que subsidiavam uma e outra, também num propósito fervoroso de cristianização dos nativos e, não despiciendo, de incremento comercial de publicações entre os dois lados do Atlântico.



Só uma parte dos dois mil exemplares, estima-se, da primeira edição (1663) incluía uma folha de rosto e algumas páginas em língua inglesa, com dedicatória ao rei Carlos II; este é o caso dos exemplares existentes na nossa Biblioteca, tendo a publicação sido autorizada pela organização inglesa (puritana) para a “Propagação do Evangelho entre os índios de New England”.


Uma segunda edição, revista em 1685, surge na sequência da destruição de grande número de exemplares durante a “guerra do rei Filipe” (1675) – nome este atribuído por colonos a um chefe índio - despoletada precisamente pelo facto de três índios terem sido enforcados por colonos puritanos, acusados os primeiros da morte de um “praying indian” de uma tribo evangelizada. 

Da segunda edição (1685) há um maior número de exemplares, principalmente em bibliotecas universitárias, com destaque para as americanas, provenientes de muito disputadas doações.

"It is now one of the most rare and sought-after books in American history, notwithstanding the fact no one can read it"  
Rebecca Romney, especialista em livros raros (Bauman Rare Books, EUA)

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