24 de Janeiro de 2024: “Educação para a paz duradoura”
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Celebra-se este Dia Mundial da Educação 2024 sob a égide da educação para a paz. A educação é o motor de desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades humanas mas exige como seu fundamento a paz que permite o diálogo, a inter-relação entre os povos, a harmonia na negociação dos recursos disponíveis e a felicidade como meta de vida das pessoas e das sociedades.
Criado pela Assembleia Geral da ONU através da Resolução 73/25, de 3 de dezembro de 2018, a prioridade universal da educação estava já indiciada em documentos anteriores desta organização como os "Objectivos do Milénio" ou o artº. 4º da "Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável", de 2015. O reconhecimento expresso e alargado da importância da educação para o desenvolvimento individual e social está patente na "Declaração universal dos direitos humanos" (1948) e na "Convenção sobre os Direitos da Criança" (1989), associando definitivamente a educação a um direito humano inalienável. Esta associação explicita ainda a determinação da infância e juventude como um período da vida humana com os seus direitos próprios, sendo a educação o modo de atingir a plenitude do indivíduo e a garantia subsequente de sociedades solidárias, livres e pacíficas.
O conceito de educação, corporizado na sua origem latina no "crescer, desenvolver", "cuidar e nutrir" [educare], está intimamente ligado à concepção de homem e, principalmente, de infância, projectando no futuro a concretização das acções pedagógicas que na família e na sociedade cada época determina. Historicamente, na Europa, foram os séculos XVII e XVIII que marcaram uma rutura com a imagem da infância e as propostas educativas: de um "adulto em miniatura" para um indivíduo completo numa determinada fase da sua existência; de uma exclusividade essencial da razão, que determinava a aprendizagem como um processo de "elevação" do espírito através do exercício lógico e memorização, i. e., de fora para dentro, para uma consideração da necessária relação do indivíduo com o seu meio natural e social, um "aprender fazendo, experimentando", base teórica de todas as pedagogias ditas ativas.
O desenvolvimento industrial e, principalmente, tecnológico das sociedades europeias ocidentais veio enfatizar a necessidade da "aprendizagem ao longo da vida" e o reconhecimento da importância das formas de "educação informal" e de "auto-educação" num tempo em que se multiplicam as fontes de informação e formação. Por outro lado, a organização social do pós-guerras mundiais exigiu da educação um alargamento aos valores sociais democráticos e à construção de um mundo de paz e prosperidade para todos. Se bem que o conceito de "educação para a paz" seja indissociável da educação humana e, como tal, esteja já presente nas teorias pedagógicas fundacionais, cada vez mais este aspecto é fulcral num mundo global e cuja sustentabilidade se depara com crises, obstáculos e desigualdades criadas ainda pelo progresso civilizacional. A consciência desta situação a par do reconhecimento da finitude dos recursos naturais, desigualmente distribuídos, são o fundamento para a chamada de atenção da ONU neste dia mundial da educação que não se pode dissociar dos direitos humanos fundamentais.
A Biblioteca da Ajuda congratula-se com a atenção mundial e os eventos decorrentes desta comemoração colectiva, evocando os princípios que estabelecem este dia mundial da educação e reconhecendo publicamente o seu compromisso educativo, num esforço diário de manter e divulgar a memória patrimonial bibliográfica que alicerça o nosso futuro comum.
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio - Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (instituto-camoes.pt),
MFG @ BA
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