D. PEDRO D'ALCÂNTARA DE BRAGANÇA | Imperador do Brasil | Rei de Portugal

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Mini-site
, concebido no âmbito do novo projecto museológico do Quarto D. Quixote e dos 180 anos da morte de D. Pedro IV
(1798-1834), Primeiro Imperador do Brasil e Rei de Portugal, que nasceu e morreu, no Palácio de Queluz, no qual se 
inclui uma biografia cronológica, ilustrada com imagens e documentos de época, correspondente a factos e períodos 
marcantes da sua vida, da infância à morte.

Aviso

Informam-se os(as) Senhores(as) Utilizadores(as) de que a Biblioteca da Ajuda encerrará o seu Serviço de leitura nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro, reabrindo no dia 29, no horário normal.


Primeira Bíblia impressa na América: Bíblia de John Eliot



Mamusse wunneetupanatamwe Up-Biblum God : naneeswe Nukkone Testament kah wonk Wusku Testament• Ne quoshkinnumuk nashpe Wuttinneumoh Christ noh asoowesit John Eliot. Nahohtôeu ontchetôe printeuoomuk, conhecida como a Bíblia de John Eliot – o Apóstolo do Índios -, teve a sua primeira edição em Cambridge (Massachusetts, New England), no ano de 1663, e uma segunda, revista e aumentada, em 1685. 

Um exemplar da primeira edição pertence ao acervo desta biblioteca (BA 7-IV-26) e um outro da segunda edição (BA 7-IV-27), ambos traduzidos por John Eliot (1604-1690), missionário nascido em Inglaterra e evangelizador de nativos ameríndios. Os impressores destas obras foram Samuel Green e Marmaduke Johnson.

Ensinar a língua inglesa era um processo mais lento do que evangelizar, referem alguns; ler a bíblia na língua algonquina transcrita estaria ao acesso de vários missionários – também por se saber que esta edição havia sido adaptada e simplificada para interiorização mais eficaz - e, com o passar do tempo, de índios já convertidos ao cristianismo e em trabalho de missionação (Praying Indians).

Este laborioso trabalho de transcrição fonética para algonquino (isto é: tradução fonética com alfabeto "europeu") surge na sequência de redacção traduzida e publicada, nessa língua indígena – que não possuía alfabeto -, de um catecismo Rules for Christian Living (1653) e de um livro de Salmos, Up-bookum Psalmes (1663), de entre outras edições de catequização cristã. 

The Holy Bible Containing the Old Testament and the New. Translated into the Indian Language  - a que se segue o título em algonquino, supra escrito  - é, de facto, a primeira bíblia publicada nas colónias do Novo Mundo – actualmente os Estados Unidos da América - , tendo sido a primeira edição completa em língua inglesa publicada cerca de 120 anos mais tarde. 

Vários são os argumentos apresentados por especialistas para entender a razão por que demorou tanto tempo a concretizar-se uma edição inglesa na América, sendo possivelmente a mais verosímil a que refere os baixos custos de publicação e de importação das Ilhas Britânicas, que subsidiavam uma e outra, também num propósito fervoroso de cristianização dos nativos e, não despiciendo, de incremento comercial de publicações entre os dois lados do Atlântico.



Só uma parte dos dois mil exemplares, estima-se, da primeira edição (1663) incluía uma folha de rosto e algumas páginas em língua inglesa, com dedicatória ao rei Carlos II; este é o caso dos exemplares existentes na nossa Biblioteca, tendo a publicação sido autorizada pela organização inglesa (puritana) para a “Propagação do Evangelho entre os índios de New England”.


Uma segunda edição, revista em 1685, surge na sequência da destruição de grande número de exemplares durante a “guerra do rei Filipe” (1675) – nome este atribuído por colonos a um chefe índio - despoletada precisamente pelo facto de três índios terem sido enforcados por colonos puritanos, acusados os primeiros da morte de um “praying indian” de uma tribo evangelizada. 

Da segunda edição (1685) há um maior número de exemplares, principalmente em bibliotecas universitárias, com destaque para as americanas, provenientes de muito disputadas doações.

"It is now one of the most rare and sought-after books in American history, notwithstanding the fact no one can read it"  
Rebecca Romney, especialista em livros raros (Bauman Rare Books, EUA)

Obras recebidas na Biblioteca da Ajuda: Estudos e publicação de fontes

Oferta Biblioteca Nacional:

A Real Biblioteca e os seus criadores: em Lisboa, 1755-1803 / Maria Luísa Cabral. - Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2014.

Livraria online BNP

A segunda metade de Setecentos representa para as bibliotecas portuguesas um tempo maravilhoso, que teve o seu auge entre 1795 e 1803 quando surge a Real Biblioteca Pública da Corte.

Havia em Portugal muitas bibliotecas, muitas delas superiormente munidas de livros, algumas delas de iniciativa régia, mas em meados do século XVIII os seus procedimentos e organização não evidenciavam sinais de modernidade. Os cuidados e a atenção parecem concentrar-se na provisão desmedida de livros alcançada mercê da generosidade real. Com o Terramoto, a soberba Livraria Real desapareceu. D. José tenta colmatar a lacuna, compra bibliotecas a particulares, consegue contribuições várias mas o que ele está a preparar é ainda outra Livraria Real. A concretização do projeto de uma grande biblioteca pública cabe a D. Maria, tendo sido preciso fazer quase tudo a partir do zero. A forma como a Real Biblioteca irá evoluir demonstra que houve uma intenção política na decisão régia. A organização, estrutura e missão da Real Biblioteca atribuem-lhe uma responsabilidade idêntica à de outras instituições setecentistas na construção do Estado moderno.

Quatro personalidades, cada uma à sua maneira, contribuíram para a criação e sucesso do projeto da Real Biblioteca Pública da Corte: Manuel da Maia que primeiro referiu a urgência em dispor de tal equipamento; Cenáculo que idealizou uma grande biblioteca pública onde não poderiam faltar as preciosidades bibliográficas; Ribeiro dos Santos, profundo conhecedor de livros e bibliotecas que incansavelmente limpou, regulou, organizou, comprou; Sousa Coutinho, diplomata e político, convicto da imprescindibilidade da literatura de cariz científico de utilidade pública. Configura-se nesses anos uma mudança de paradigma tendo cabido à Real Biblioteca Pública da Corte arcar com essa missão.

A Bíblia Românica da Biblioteca da Ajuda: o manuscrito e seu percurso


Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, Edifício ID, Sala 6 (Piso 0) | 28 Outubro | 10h00 
 
          por Xavier van Binnebeke


Resumo
Neste seminário aberto Xavier van Binnebeke dará a conhecer uma majestosa Bíblia românica (inícios do séc. XII) que tem, de certa forma, escapado à atenção dos investigadores. Os dois volumes da obra, preservados na Biblioteca da Ajuda em Lisboa, estão, com efeito, entre os mais antigos manuscritos iluminados existentes em Portugal. Graças a várias inscrições medievais foi possível identificar a sua proveniência. Para mais, a história subsequente deste manuscrito pôde ser detalhadamente reconstruída em função de diversos ex-libris, de fontes impressas do século XVIII, e de vários documentos arquivísticos de Lisboa e de Évora.
Xavier van Binnebeke discutirá ainda a escrita e a iluminura e problematizará o enquadramento deste códice na produção geral de bíblias românicas.


Abstract:
In the present lecture Xavier van Binnebeke will introduce the public to an imposing Romanesque Bible set that has hitherto escaped the attention of manuscript researchers. The two volumes, kept in the Biblioteca da Ajuda in Lisbon, are among the oldest illuminated manuscripts preserved in Portugal. Thanks to the identification of a series of mediaeval inscriptions the early provenance of the Bible can be securely pointed out. In addition, the later history of this exceptional set can be reconstructed in detail on the basis of several ex-libris, of early XVIII th century printed sources, and of archival documents in Lisbon and Évora.
The speaker will, moreover, discuss the script and the illumination, and seek to position the volumes within the development of Romanesque Bible production.