O que é um incunábulo

Este termo – com origem no latim (in) cunabulum: (no) berço - designa um livro impresso com caracteres móveis, fundidos em metal, entre a invenção da prensa e o fim do séc. XV, isto é: até 31 de Dezembro de 1500 (inclusive), data arbitrária mas necessária.

“Pós-incunábulo” é a designação atribuída, na segunda metade do séc. XVIII, às edições impressas que apresentavam ainda a aparência de folhetos góticos.

No Incunabula Short Title Catalog, ISTC (
http://istc.bl.uk/), há registo de 30350 incunábulos, sendo a maior parte com texto em latim – só 30% em língua vernácula - com edições italianas (10 523), germânicas (10 437) e francesas (5 387), maioritariamente; refira-se as 47 edições portuguesas.

Um incunábulo tem a aparência de um livro manuscrito medieval: é compacto, não apresentando ainda a folha de rosto, a qual viria a incluir título, autor, local e oficina de impressão, e referência tipográfica do impressor/ livreiro.

Esta hierarquização da informação do livro, complementada pela introdução de paginação, capítulos, ilustração e outros elementos, surge por volta de 1540.

As páginas são impressas recto verso, em papel (desde o séc. XIII) ou pergaminho, apresentando o texto a 2 ou 3 colunas de 30 a 70 linhas cada.

Surgem, entretanto, os caracteres móveis gregos, principalmente em Itália; também os caracteres hebraicos surgem em tipografias em Itália (Roma, Brescia, Mântua, Bolonha) e na Península Ibérica (Hijar, Lisboa, Leiria).

Só um número muito reduzido de incunábulos contém ilustrações e em alguns encontra-se a capitular manuscrita, após impressão.

O aspeto visual do livro, tal como o conhecemos, fixa-se entre 1530 e 1550.
 
  A Biblioteca da Ajuda tem o privilégio de possuir no seu acervo 3 exemplares de Liber Chronicarum, conhecido também como Crónica de Nuremberg (1493), que disponibiliza aos seus leitores para consulta e fruição.

Trata-se de um magnífico incunábulo (c. 600 páginas) dos primórdios da impressão, com texto em latim de Hartmann Schedel (1440-1514) – médico, cartógrafo e colecionador de obras humanistas -, que conta a história da humanidade, desde a sua criação até 1490.
Inaugura a inclusão de ilustrações impressas com blocos de madeira, com desenhos de cidades – uns autênticos, outros inventados ou adaptados – revelando-se estes de grande interesse artístico e topográfico.

São parte das mais de 1800 xilogravuras, da autoria de Michael Wolgemut (1434-1519), mestre de Albrecht Dürer, e Hans Pleydenwurff (1460-1494), que, juntamente com o texto e dominando, em número e escala, a composição deste, foram laboriosamente impressos por Anton Koberger (1445-1513), ourives e impressor de inovadora e profícua capacidade técnica


SCHEDEL, Hartmann
Liber chronicarum / [grav.] Willelem Pleydenwurff ; Michæl Wohlgmuth.
Nürnberg : Anton Koberger, 1493 Julho 12
[20], I-CCXCIX, [I], [6] f. : il., map. ; 2°.
Faltam : [F.1] portada xilogr., CCLLVIIII a CCLXII, CCLXIIII, CCLXV, CCLXVII, CCXCVIII, [321 e 322]. — Pert. : Bib. Necessidades. — Enc. séc. XVIII. carn.

BA   48-XIII-16 

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