Camões e a BA: Os retratos em livros

 A representação iconográfica de Luís de Camões não tem associado um original de época, ao vivo, que permita a avaliação da exatidão dos seus retratos por referência a ele. O "famoso" retrato a sanguínea executado por Fernão Gomes, em Lisboa, em 1572, que seria coevo do poeta, tem sobre si uma história complicada de desaparecimento e reaparecimento ainda em estudo e, por outro lado, não parece ser conhecido dos biógrafos iniciais de Camões: Manuel Correia, Pedro Mariz e Manuel Severim de Faria.

De entre as primeiras obras biográficas que remetem para testemunhos diretos, destacamos, por ter um retrato do poeta, a sua biografia por Manuel Severim de Faria em "Discursos vários políticos …" de que a BA guarda o duplo registo: 


O impresso da 1.ª edição, o cimélio BA 50-XI-7 (igual a BA A-III-1) e o manuscrito, de 1622, que presidiu a esta 1.ª impressão, 
BA 52-VIII-49, no qual não constam os dois retratos da edição impressa.



50-XI-7:

Retrato por Gaspar de Faria Severim, em frontispício da "Vida de Lvis de Camoens", in Discursos vários de Manoel de Faria Severim, (1º ed.) 1624, p. 87 e segs., que está na origem de múltiplas gravuras posteriores do poeta.


"A. Paulus sculp." – Andries Pauwels ou Paulis (Antuérpia 1600-1639): gravador flamengo, conhecido pela ilustração de múltiplas obras com temas bíblicos, históricos, retratos … . Foi discípulo de Lucas Vosterman, o Velho e pertencia à sua Guilda em Antuérpia.


46-VIII-39: 

Retrato de Camões, em pedestal arq., "Lusiadas de Luis de camões Principe de los Poetas de España… Comentadas por Manuel de Faria e Sousa..". Desenho em moldura com a legenda: "Luis de camoens aet. XLVIII". 

"Este retrato…es hecho de mano de Manuel de Faria [e Sousa]", 1636 (anotação ms. no canto superior direito).

 



50-XIV-18: 

Retratos de Luís de Camões e Manuel Faria e Sousa, gravados por Pero de Villafranca [y Malagón, c. 1615-1684], - Madrid, 1637 - na edição impressa do ms. de Manuel de Faria e Sousa.

 O facto do olho ferido ser o esquerdo é sujeito ainda hoje a interpretação.




55-IV-49, nº 16:

Camões meio-corpo. Gravura em medalhão. Mote: "Mansura per aevum fatorum comites" - 1641

(Com pena, livro e cota de soldado) = A partir da grav. de Gaspar Severim de Faria 1624. 

Frontispício de folheto de 4 p., com a defesa de Camões, por João Soares de Brito (1611-1664).




 


57-I-1:

Retrato a meio corpo de Camões,com legenda decorado abaixo com versos. Fundo: Tejo e Torre Belém
 "Hieronym. Barr. inv. – Lucius sculp. Olisip. 1784"

Jerónimo de Barros Ferreira, 1750-1803. Pintor vimaranense.

José Lúcio da Costa (final séc. xviii). Desenhador e gravador, conhecido apenas por "Lúcio". Além desta gravação do retrato de Camões de J. B. F., executou a gravura duma medalha em honra do poeta a partir da medalha camoniana feita na Grã Bretanha pelo Barão de Dillon e copiada em 1793 por iniciativa do P. Tomás José de Aquino. (Extraído de Dicionário de pintores e escultores portugueses … / Fernando de PAMPLONA, s.l.: Oficina Gráfica lda., 1956, vol. II, p. 278/279).


68-II-12: 

Obras de Luis de Camões, principe dos poetas de Hespanha. - Nova ediçaõ, a mais completa e emendada... / de Luis Francisco Xavier Coelho. - Lisboa : na Officina Luisiana, 1779-[1780]. -  4 t. : il. 8º (18 cm)

Grav. oval de Camões com coroa de louros sob plinto com versos e legenda "Ant.º Frz. Roiz fes."

"Ludovicus Camonius Lusitanus, Epicorum Poetarum"

António Fernandes Rodrigues (1727-1807): Desenhador, gravador, arquiteto e medalhista. Nasceu no Brasil, aprendeu desenho e modelação com João Gomes Baptista, abridor de cunhos. Esteve em Lisboa em 1758 e, no ano seguinte, foi para Roma onde foi discípulo do escultor e gravador Filipe de la Valle. Daqui seguiu para Florença. Regressou a Lisboa em 1762, distinguindo-se como gravador e arquitecto.

50-XV-24:

Retrato a ¾ de Camões segurando um exemplar de Os Lusíadas, de cota militar e coroa de louros, sobre a legenda "Daqvele, cvia lyra sonorosa / sera mais afamada qve ditosa". O retrato está enquadrado em frontispício arquitetónico com reprodução de cenas e símbolos alegóricos dos Lusíadas.

"F. Gérard Delt. Effig. L. Visconti Delt. Pluteum. F. Lignon Sculpt.".

François Gérard (1770-1837) – Pintor de cenas históricas e retratista conseguiu enorme reputação em França onde foi pintor da Corte sob diversos soberanos.

Louis Tullius Joachim Visconti (1791-1853) – arquiteto, estudou na faculdade de Belas Artes de Paris, recebeu diversos prémios e manteve-se ligado profissionalmente ao governo de Paris, propondo e dirigindo intervenções em edifícios emblemáticos como a Biblioteca Real, o Palácio do Louvre e o túmulo de Napoleão Bonaparte nos Inválidos.

Etienne Frédéric Lignon (1773-1833) – Gravador.

 Da revisão das chapas e sua harmonização foi encarregue o famoso gravador Paolo Toschi que deixou marcas  – de difícil visualização – em algumas gravuras, como no retrato em frontispício  desta edição se deteta: um "T" no braço direito do busto.

 

Considerado um dos melhores retratos gravados do Poeta, faz jus ao empenho e dedicação do Morgado de Mateus na composição dos "seus" Lusíadas de 1817, para a qual contratou os melhores artistas e gravadores. Estas estampas, pela qualidade do desenho e da gravura, constituíram coleções que foram sendo produzidas, muitas delas, a partir das provas originais.

 
113-VII-55:                                                                                                                 
"La Statue de Camoëns" (grav. desd., frontsp. do texto "L'Association des journalistes et écrivains portugais.", pp. 209-216, in Les Fêtes en PortugalInauguration du chemin de fer de la Beira Alta: voyage de la famille royale. /Notes et souvenirs de voyage par B[ronislaw] Wolowki, 1883.


Estátua da autoria de Vítor Bastos, realizada entre 1860-1867 ano em que foi inaugurada na presença do rei (D. Luís I), em 9 de Out.. Em bronze, a figura principal, com 4m de altura sobre um pedestal de 7, 48m; está rodeada de 8 estátuas em pedra lioz representando: Fernão Lopes, Pedro Nunes, Gomes Eanes de Azurara, João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda, Vasco Mouzinho de Quevedo, Jerónimo Corte Real e Francisco Sá de Miranda. O custo da obra, paga a Vítor Bastos, foi de 38 contos.

Inauguração da estátua: Vj. ArchivoPitoresco, vol. X, 1867.


Curso de Paleografia e Edição de Textos: “Ler a China e o Brasil em Manuscritos (Sécs. XVI-XIX). ”


De 19 de Setembro a 25 de Outubro realiza-se o curso Ler a China e o Brasil em Manuscritos (Sécs. XVI-XIX).

Curso de Paleografia e Edição de Textos, organizado conjuntamente pelo Centro Científico e Cultural de Macau e pelo Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, com a parceria da Biblioteca da Ajuda. 

O curso terá um formato híbrido, decorrendo as aulas presenciais no Centro Científico e Cultural de Macau, e será coordenado por Cristina Costa Gomes e Isabel Murta Pina. 

O objectivo do curso é o de proporcionar a todos os interessados conhecimentos práticos de leitura paleográfica, transcrição e edição de textos dos séculos XVI a XIX.

Informações mais detalhadas: aqui

AVISO: horário de Verão

Informamos os nossos leitores que, de acordo com o nosso regulamento, já está em vigor o horário de Verão:

Horário de verão (1 de julho - 15 setembro)

De 2.ª a 6.ª Feira, 10h30 – 13h00; 14h00- 17h30 (requisições de leitura até às 15h30); Sala de Leitura encerra 15 minutos antes do fecho da Biblioteca.


Camões e a BA: Tricentenário de Camões II - 10 de Junho 1880 -a divulgação

O Tricentenário de Camões, nascido num ímpeto patriótico e nacionalista da camada intelectual e política – como resulta dos nomes que compõem a Comissão Executiva – foi marcado por uma intensa campanha de divulgação das festividades que se associaram. Instituições, comissões, cidadãos nacionais e estrangeiros deram eco aos festejos, sessões públicas e manifestações individuais.

A homenagem à história portuguesa na sua aventura marítima de "dar novos mundos ao mundo" inspira e aperfeiçoa tecnicamente a arte do cartaz público e da sua dimensão simbólico-artística, como se manifesta exemplarmente no cartaz genérico criado pra a ocasião.


BA. Reg. 2590

As comemorações, cuja coordenação esteve dependente da Comissão Executiva (cf. post anterior),  foram amplamente divulgadas por vários periódicos da altura, de entre os quais destacamos a revista Occidente cujos n.º 59 [aqui], suplemento ao n.º 59, e dos n.º 60 ao n.º 62lhes foram dedicados. 

 n.º 59 (supl.)n.º 60                n.º 61         

 

O n.º 62 [aqui], com poucos artigos, escritos, publicou várias estampas de Henrique Pousão e de Casanova, ilustrativas de alguns dos festejos ocorridos na cidade de lisboa:


                                                                           

                                                                    
De entre as múltiplas edições relativas a Camões e a Os Lusíadas impressas durante as Comemorações do 3º Centenário da Morte de Luís de Camões, destacamos 2 das existentes na Biblioteca da Ajuda:


A primeira edição dos Lusíadas / por Tito de Noronha. - Porto ; Braga : Livraria Internacional de Ernesto Chardron, 1880. - 87, [10]p. : il 30,5 cm. - (Camoniana). - Dedicatória, ms, de Tito de Noronha ao Rei D. Luís. - Tem selo, muito sumido, do arrolamento de 1911 "U''1234". BA 149-X-54



Braga, Teófilo, 1843-1924 ; Camões, Luís de, 1524-1580 ; D. luís I, (Rei de Portugal) ; Imprensa de Cristovão A. Rodrigues. Lisboa - Bibliographia camoniana. Edição numerada de 1 a 325 exemplares. Lisboa : Imprensa de Christovão A. Rodrigues. 253, [2], pp. 
BA 156-VIIIA-1 


Acesso para as obras relativas a Camões na Biblioteca da Ajuda [Aqui]

FG & CPB @BA

AVISO: leitura encerrada

Informamos os nossos leitores que, por motivos imprevistos, o serviço de leitura estará encerrado hoje (9 de Julho) a partir das 13h00.


Agradecemos a compreensão dos nossos leitores para esta situação.

Recordamos hoje a Infanta de Espanha

Maria Josefa Carmela de Bourbon (Pepa, em família) ( 1744 – 1801)


autor Lorenzo Tiepolo


Nasce  princesa de Nápoles e da Sicília, enquanto filha do rei Carlos VII de Nápoles e Sicília. Torna-se Infanta de Espanha pela ascensão do pai à coroa de Espanha, como Carlos III, vaga por morte de Fernando VI, sem descendência. 

Nunca se casou e viveu sempre na corte do pai e, após a morte deste (Dez. de 1788), na do irmão Carlos IV.  Morre no Escorial e foi enterrada em Madrid, no convento Carmelita de Santa Teresa de Jesus, a seu pedido. 

A Biblioteca da Ajuda (BA) tem no seu acervo, um conjunto epistolográfico, autógrafo, da Infanta Maria Josefa dirigidas à prima direita (ou irmã), a Rainha de Portugal, Maria I, enviadas entre 1781 e 1791, em castelhano, com assuntos de natureza familiar.

 Cartas da infanta D. Maria Josefa de Borbón (1744-1801) para a prima D. Maria I, Rainha de Portugal         (1734-1816), 1781-1791: [aqui]

Mais: 

A infanta Maria Josefa Carmela de Bourbon (1744-1801) e PortugalIsabel Drumond Braga, 2023 [aqui]
da autoria da infanta, datadas entre 1781 e 1791