Oráculos da geografia iluminista: Dom Luís da Cunha e Jean-Baptiste Bourguignon d’Anville na construção da cartografia do Brasil


LANÇAMENTO | 19 março | 18h00 | Auditório BNP | Entrada livre




Oráculos da geografia iluminista: Dom Luís da Cunha e Jean-Baptiste Bourguignon d’Anville na construção da cartografia do Brasil

Esta obra, que será apresentada pelo historiador Nuno Monteiro, foca a colaboração estabelecida entre dom Luís da Cunha e Jean-Baptiste Bourguignon d´Anville para a produção da Carte de l’Amérique méridionale, da qual existem 3 variações: uma manuscrita datada de 1742 e duas impressas em 1748.

Uma primeira dimensão analisada é a visão de dom Luís da Cunha acerca da geopolítica portuguesa que deveria ser formulada para a América ao longo da primeira metade do século XVIII, e como essa visão se reflectiu na construção do mapa. Acentua-se que, para ele, o estabelecimento de uma política para a área era indissociável do aprofundamento do conhecimento geográfico da região.

Uma outra dimensão desvenda o próprio processo de produção e transformação do mapa em suas diferentes versões, esmiuçando as fontes utilizadas pelo cartógrafo (em grande parte fornecidas por dom Luís da Cunha) e inserindo o mapa dentro de um contexto mais amplo de construção do saber cartográfico sob feições iluministas.

Uma terceira perspectiva analisa as formas de recepção do mapa, pois à divulgação da carta de d’Anville segue-se intenso debate entre os savants europeus, especialmente sob a égide da Real Academia de Ciências de Paris, sob as verdadeiras feições da América Meridional. Isso ocorre pois, por essa época, a Coroa portuguesa, sob a batuta de Alexandre de Gusmão, encaminhava uma pujante produção cartográfica sobre o Brasil, consolidada no Mapa das Cortes, que propunha uma outra disposição para o continente americano, que em muitos aspectos entrava em conflito com a Carte de l’Amérique méridionale de d´Anville. Por fim, a obra analisa as semelhanças e as diferenças das visões geopolíticas de Alexandre de Gusmão, grande articulador do Tratado de Madrid, e de dom Luís da Cunha, expressa no mapa de D’Anville, a partir da comparação entre o Mapa das Cortes e a Carte de l’Amérique méridionale.

Júnia Ferreira Furtado é mineira, de Belo Horizonte. Graduou-se em História na Universidade Federal de Minas Gerais onde hoje é professora titular de História Moderna. Realizou mestrado e doutorado em História Social na USP e estudos de pós-doutoramento na Universidade de Princeton (2000), onde foi professora visitante em 2001, e na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (2008). Tem vários artigos e livros publicados sobre a história colonial brasileira, entre eles “Chica da Silva e o contratador dos diamantes: o outro lado do mito” (Companhia das Letras, 2003, Menção Honrosa  Casa de las Américas,2004); “Homens de Negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas Minas setecentistas” (Hucitec) e “O Livro da Capa verde: a vida no distrito diamantino no período da Real Extração” (Ed. Da Universidade de Coimbra/Anna Blume).

A Língua Iluminada: Antologia do Vocabulário de Rafael Bluteau



LANÇAMENTO | 13 março | 18h00 | Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal | Entrada livre

Apresentação da obra de João Paulo Silvestre, co-edição da BNP e Babel, por Telmo Verdelho e Ivo Castro.


"Esta antologia pretende ser um roteiro da vastíssima informação que o Vocabulário oferece para a compreensão da língua portuguesa e do pensamento linguístico do século XVIII. Os estudos linguísticos são apenas um dos domínios em que o dicionário de Bluteau se constitui como documento histórico inestimável. Ele revela o modo como a língua portuguesa era percecionada por um aprendente estrangeiro, sensível à variedade de registos, aos testemunhos da diacronia, ao património literário, à inovação lexical e ao diálogo com a língua latina. Na perspetiva do dicionarista, o saber metalinguístico supunha múltiplos interesses e competências, representados pelo então abrangente domínio da filologia, assim definida:

Filologia [philologia] É palavra grega composta de Philos, amigo, e Logos, discurso; e filologia val o mesmo que estudo das letras humanas, começando da gramática (que antigamente era a parte principal da filologia) e prosseguindo com a eloquência oratória e poética, com as notícias da história antiga e moderna, com a inteligência, interpretação e crítica dos autores, com a erudição sagrada e profana, e geralmente com a compreensão e aplicação de todas as cousas que podem ornar o engenho e discurso humano. Rigorosamente falando, filologia é a parte das ciências que tem por objeto as palavras e propriedade delas."

João Paulo Silvestre