A Biblioteca da Ajuda é uma das mais antigas Bibliotecas de Portugal caracterizando-se, pela natureza e riqueza dos seus fundos, como uma Biblioteca Patrimonial que tem por objecto a conservação, estudo e divulgação do seu acervo documental
AVISO: leitura encerrada no dia 22 de Setembro
A Biblioteca da Ajuda integra as atividades programadas para as Jornadas Europeias do Património 2023 com uma conferência no dia 22/09 pelas 15h00.
Por este motivo estará encerrada à leitura durante o dia 22 de Setembro p. f., reabrindo no horário normal na segunda-feira, dia 25 de Setembro.
Convidamos todos os nossos leitores a juntarem-se a nós!
JEP - Jornadas Europeias do Património 2023: Biblioteca da Ajuda
Cosmologies old and new: early modern transformations in scientific and philosophical thought
Inscrição: Não precisa de Inscrição
Contactos para Inscrição: bibajuda@pnajuda. dgpc.pt, até ao limite de 100 pax
Público alvo: Público em geral
Organização: Biblioteca da Ajuda, Luís Campos Ribeiro e ERC RUTTER Project
AVISO: leitura encerrada no período manhã de dia 10 de Julho
Informamos os nosso leitores que, a fim de serem realizadas intervenções técnicas nas nossas instalações, estaremos encerrados à leitura no período da manhã do dia 10 de Julho, segunda-feira. O serviço regular será retomado a partir das 14H00.
Desde já as nossas desculpas por qualquer transtorno causado
Faz, neste dia, 137 anos que
Em 1886, casou o príncipe Real D. Carlos com a princesa Marie Amélie Louise Hélène d’Orléans, filha dos Condes de Paris, Luís Filipe e Maria Isabel de Orléans.
O evento, cujo programa foi alvo do decreto de 13 de Maio de 1886 [aqui], estendeu-se por vários dias e constou, para além da cerimónia religiosa no dia 22 de Maio, na Igreja de São Domingos em Lisboa, de recepções nos Paços de Belém e da Ajuda, jantares, bailes, récitas de gala nos teatros Reais, S. Carlos e D. Maria, paradas, fogos de artifício, corridas de cavalos... que se estenderam até ao dia 1 de Junho.
O vasto programa das festas, alvo de interesse generalizado, foi amplamente divulgado, num só n.º ou em vários, pela imprensa escrita de então, como:Ocidente, n.º 267-270 (21 de Maio a 21 de junho) [aqui];
Diário Ilustrado [aqui]
A Folha ilustrada [aqui]
Por essa altura e porque a cada ocasião, de acordo as respectivas características da cerimónia, correspondiam regras sobre o que se deve vestir, deixamos, abaixo, um doc., em francês, sobre a roupa, e adereços, que Damas do Corpo Diplomático deveriam usar nos diferentes eventos:
[1886], 22 a 26 de Maio
Dia 22, casamento: vestido decotado, mangas curtas, manto de Corte, mantilha branca; dia 23, recepção: toilete igual a 22 sem mantilha; Teatro de S.Carlos: vestido decotado e mangas curtas; dia 24, recepção na Ajuda, mesma toilete de 22 sem mantilha, Jantar no Paço da Ajuda: vestido decotado e mangas curtas; dia 25, parada na Avenida da Liberdade: vestido curto e chapéu; dia 26 , baile na Corte: toilete de baile. Papel timbrado de: "Serviço de Sua Magestade A Rainha"
PNA 8.1.1_n.º 199
PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 3
PNA 8.8.1, n.º 39, fl. 3v-4
Publicação de textos
No âmbito do IX Colóquio Internacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX - Modus Operandi, que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda de 16-18 de Novembro de 2022, já estão disponíveis, aqui, os textos das narrativas apresentadas.
De entre as diversas comunicações, agora publicadas em formato digital, destacamos, pela sua direta relação com o acervo da Biblioteca da Ajuda os textos seguintes:
— “Gosto Musical e
coleccionismo de D. João VI e D. Carlota Joaquina: Sua expressão na Biblioteca
da Ajuda" de Mafalda Magalhães Barros e Maria João Albuquerque que a
partir do importante acervo musical da Biblioteca da Ajuda, abordam o papel de
D. João VI e de D. Carlota Joaquina no campo do "coleccionismo
informado" caracterizado pelo evidente apoio, destes, à produção artística
e aos artistas.
— "Duas pinturas e dois desenhos inéditos de um professor e de um aluno da Academia de Belas-Artes de Lisboa: Máximo Paulino dos Reis (1778-1865) e Vítor Bastos (1829-1894)", do Professor Eduardo Duarte que foca a importância, na "... perspetiva cripto-artística de obras esquecidas de coleções desaparecidas e de trabalhos que não passaram da fase de conceção, projeto e de fragmentos..." de obras presentes em colecções particulares e instituições públicas de entre das quais uma, de Máximo Paulino dos Reis, faz parte do acervo da Biblioteca da Ajuda.
Terceiro acto da ópera Ezio de David Perez, conservado na Biblioteca da Ajuda (B.A. 47-V-61) identificado pela investigadora Cristina Fernandes
Davide ou David Perez (Nápoles, 1711 - Lisboa, 30 de outubro de 1778) foi um compositor italiano, que veio para Portugal, a convite do Rei D. José, em 1752, para ocupar o lugar de compositor da Real Câmara e mestre das princesas reais, onde viria a permanecer até à sua morte em 1778.
Durante os 26 anos que esteve ao serviço do monarca português foi a figura central da vida musical da corte e exerceu uma grande influência nos compositores portugueses, entre os quais se destacam João Cordeiro da Silva, João de Sousa Carvalho, Luciano Xavier dos Santos e José Joaquim dos Santos.
Perez compôs mais de 38 obras dramáticas entre 1735 e 1777, tendo
14 destas sido compostas durante a sua estadia em Portugal. É o caso da nova
versão da ópera Alessandro nell'Indie, escrita para inauguração da Ópera
do Tejo, em 1755, cuja partitura autógrafa se conserva na Biblioteca da Ajuda
(B.A. 54-I-83 a 85). No entanto, a sua produção operística diminuiu significativamente
após o terramoto de 1755, devido às restrições económicas que se impuseram,
passando a compor essencialmente música sacra.
O seu reconhecimento ultrapassou as fronteiras de Portugal, sendo
a música de Perez tocada frequentemente em Londres e algumas das árias das suas
óperas impressas pelo editor inglês John Walsh. Em Londres foi também publicada
a sua principal obra de música religiosa, também composta em Lisboa: o Mattutini de’ Morti , editado por Robert Bremner em 1774.
Não se sabe ao certo se a ópera Ezio,
representada pela primeira vez no Teatro Regio Ducal de Milão em 1751, conheceu
alguma produção portuguesa. Apesar de Joaquim José Marques (1947)[1] referir uma representação da obra no teatro de Salvaterra em
1756, Manuel Carlos de Brito considera esta referência duvidosa, pois nesse ano
a família real não se deslocou a este Palácio Real (1989)[2].
A Biblioteca da Ajuda conserva um conjunto muito rico de óperas
setecentistas que reúne as partituras colecionadas pelos monarcas, geralmente
encomendadas através dos embaixadores que se encontravam nas cidades europeias
onde estas grandes óperas se representavam. De igual modo, integra no seu
acervo partituras provenientes dos teatros reais da Ajuda, Queluz e Salvaterra,
encerrados em 1792[3].
Nesta coleção de música, encontra-se um conjunto significativo de obras dramáticas e religiosas de David Perez, contando-se cerca de 25 partituras de óperas que se representaram em Portugal, bem como alguns exemplares de óperas deste compositor que não foram levadas à cena em teatros portugueses, de entre os quais se inclui um volume, até hoje catalogado como anónimo, que, graças à investigação de Cristina Fernandes, ficámos a saber se trata do 3.º acto da ópera Ezio (fig. 1).
Fig. 1 [Ezio] : Atto Terzo [de David Perez. 1751]. (B.A. 47-V-61)
Deste modo, o volume agora identificado poderá ser uma partitura usada para uma possível representação no Teatro de Salvaterra, que foi conservada na Biblioteca da Ajuda, após o encerramento deste teatro em 1792, ou pertence ao conjunto de óperas de Perez conservadas na Real Biblioteca, fruto do colecionismo informado dos monarcas.
Cristina Fernandes,
investigadora do INET-md, NOVA FCSH, apresenta-nos o resultado da sua profunda pesquisa
num artigo recentemente publicado na Revista Berceo[4],
através do qual percebemos que a fonte principal para esta descoberta foi uma
antologia de árias da ópera Ezio de
David Perez conservada no Arquivo da Catedral de Calahorra, que é o documento
mais completo que nos permite conhecer a música desta ópera, já que não se
conhece a partitura original estreada em Milão, em 1751. Existem igualmente
algumas árias impressas por John Walsh, referentes à representação que se fez
em Londres na temporada 1754-55, e outras que estão descritas no catálogo RISM.
Mas foi da comparação com o libreto e os incipits musicais das árias da
antologia conservada na Catedral de Calahorra, que a investigadora pôde
verificar que o volume da Biblioteca da Ajuda, até hoje indicado como obra
anónima, corresponde ao terceiro acto desta composição.
O volume da Biblioteca da Ajuda não
contém as três primeiras árias do libreto original, mas as restantes estão
presentes, incluindo os respectivos recitativos. Por outro lado, a
instrumentação da antologia de Calahorra limita-se às cordas, enquanto a do
manuscrito da Ajuda inclui trompas e oboés. Outra particularidade deste
documento, evidenciado por Cristina Fernandes, refere-se o facto de este apresentar
várias mãos na escrita musical, mas que nenhuma destas grafias corresponde aos
copistas da corte de Lisboa da época.
O exemplar em análise consiste na compilação de diversos cadernos de papel de origens diferentes, utilizando tintas diversas conforme a mão que os copiou e apresenta-se brochado com pastas em cartão forradas a papel marmoreado de fabrico italiano da primeira metade do século XVIII. A pasta anterior e alguns fólios revelam algumas manchas de queimado e a lombada encontra-se coberta por uma folha de papel pardo, provavelmente numa tentativa de recuperar a lombada original em pele que estaria em mau estado. Algumas árias apresentam rasuras, emendas e cancelamentos.
Curiosamente, apesar de este volume figurar como obra anónima no Catálogo de Música Manuscrita da Biblioteca da Ajuda[5], Fernandes, na sua análise, identifica na ária “Ah non son io che parlo” (f. 44) a indicação da autoria de David Perez e a referência ao nome da soprano que participou na estreia de Milão, “Sig.ra Aschieri” (fig. 2).
Fig. 2 - Ária “Ah non son io che parlo”
da ópera Ezio de David Perez [1751]
(B.A. 47-V-61, f. 44)
Embora se trate de uma obra incompleta, pois apenas se identificou o 3.º acto, esta investigação de Cristina Fernandes é muito importante para um melhor conhecimento deste conjunto documental tão rico para o estudo dos repertórios setecentistas, que é a Coleção de Música da Biblioteca da Ajuda, com ainda tanta informação por desvendar.
Fig. 4: Pasta anterior da partitura de [Ezio] :
Atto Terzo [de David Perez. 1751]. (B.A. 47-V-61)
[1] Marques, Joaquim José (1947) Cronologia da ópera em Portugal. Lisboa : A Artística.
[2] Brito, Manuel Carlos (1989) Opera in Portugal in the Eighteenth Century. Cambridge : University Press
[3] Os Teatros reais foram encerrados em 1792 depois de um episódio de demência da rainha D. Maria I, quando esta assistia a uma representação no Teatro de Salvaterra (BRITO, 1989).
[4] Fernandes, Cristina (2022) De los Escenarios Europeos a las Iglesias Ibéricas : Una Fuente para la Ópera Ezio de David Perez en el Archivo de la Catedral de Calahorra. Berceo : revista riojana de ciencias sociales y humanidades. ISSN: 0210-8550. N. 183 (2.º Sem., 2022), pp. 37-54. Disponível em linha [aqui]
[5] Santos, Mariana A.M. (1959) Catálogo de Música Manuscrita. Lisboa : Biblioteca da Ajuda. Vol. 2, p. 46, n. cat. 779
A Suprema Ordem do Crisântemo: uma insígnia do Japão em 20 de Abril de 1883
1883: Registo de acreditação do novo Embaixador Japonês
2. O original japonês, no seu conteúdo, é atestado pela aposição do selo imperial, um crisântemo, que timbra também o papel, sobre fita púrpura. O selo de papel que colava o envelope é também imperial.
3. O grande selo vermelho, carimbo, é o Selo do Estado do Japão ou Selo Real do Japão que é um dos selos nacionais do Japão, usado como selo oficial do Estado e atualmente usado apenas nos certificados das Ordens concedidas pelo Estado, estando o seu uso ilegítimo sujeito a penalizações civis.
MFG (BA)
Nos 480 anos da chegada dos portugueses ao Japão: a embaixada Tensho e o seu relato na obra da Biblioteca da Ajuda, "De missione legatorum... "
Gravura feita em Augsburg em 1586 retratando os dois jovens "embaixadores" japoneses (em cima) com seus dois assistentes (em baixo) e o jesuíta que os acompanhava (em cima no centro)
50-x-20 e 50-x-20A (fac simile)
Órgão quinhentista da Sé de Évora
Fotografia de Francisco Bilou
Évora e os seus órgão de tubos [aqui]
Pode ouvir a sonoridade do órgão, que os embaixadores japoneses terão ouvido há 440 anos e que tanto os maravilhou, neste link: https://www.youtube.com/watch?v=ZFVs6ZU0vtw.
Na ocasião os jovens cantaram e tocaram instrumentos musicais aprendidos na Europa, e explicaram ao senhor do recém-unificado Japão tudo o que tinham visto na sua viagem. Hideyoshi mostrou-se muito interessado nos relatos e, de acordo com Luís Fróis[7], pediu por várias vezes que continuassem a tocar. Depois, pegando nos instrumentos sobre os quais fez diversas perguntas, pediu que tocassem novamente.
O sucesso da embaixada Tensho não impediu, no entanto, todos os acontecimentos que se seguiram, que culminaram com a expulsão dos portugueses do Japão, apesar da cultura e da música europeias continuarem a fascinar os japoneses.
[3] Moran, J.F. - The real author of de missione legatorum Iaponensium ad Romanam curiam..dialogus. Bulletin of Portuguese - Japanese Studies. N. 2 (june, 2001), pp. 7 – 21.
[4] Ramalho, A.C. - O Padre Duarte de Sande, S. I., verdadeiro autor do De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam … Dialogus. Revista de Cultura. 2ª série (1997), pp. 43-51.
[5] Fróis, Luís - Tratado dos embaixadores japões que forão de Japão a Roma no ano de 1582, [17--], p. 43
[6] João, PAIVA, Rui, d´ALMEIDA, Emanuel Santos - Portugaliae Monumenta Organica : Órgãos de Portugal. Lisboa: PolyGram/Selecções do Reader´s Digest, 1992.
[7] Fróis, Luís - História do Japam, anot. José Wicki. Lisboa : Biblioteca Nacional, 1984. Vol. 5