Informam-se os Leitores que de 13 de Agosto até 14 de Setembro a Biblioteca da Ajuda realiza o seguinte horário de abertura ao público:
10h30-13h00
14h00-17h30
A partir de 16 de Setembro (segunda-feira) será retomado o horário regular.
A Biblioteca da Ajuda é uma das mais antigas Bibliotecas de Portugal caracterizando-se, pela natureza e riqueza dos seus fundos, como uma Biblioteca Patrimonial que tem por objecto a conservação, estudo e divulgação do seu acervo documental
Carlos Seixas: 11 de Junho de 1704 - 25 de Agosto de 1742

Filho de Francisco Vaz, organista da Sé de Coimbra, substituiu seu pai – e mestre - nessas funções com apenas 14 anos de idade.
Em Lisboa impôs-se como organista, cravista e compositor. Foi professor também.
Compôs, segundo testemunhos da época, perto de setecentas Toccatas ou Sonatas, tendo só cerca de cem destas sobrevivido à destruição do terramoto de 1755.
Virtuoso no cravo e inovador na composição, "(…) Carlos Seixas poderá ter criado as primeiras peças concertantes para cravo e orquestra”, segundo as palavras de Andreas Staier, um dos mais aclamados intérpretes de Seixas. E acrescenta “(os concertos) estarão entre os primeiros para tecla da História”, podendo ser “anteriores aos concertos para cravo de Johann Sebastian Bach”.
Domenico Scarlatti, ao tempo Mestre da Capela Real portuguesa, cedo reconheceu o talento de Seixas. Sobre este conhecimento mútuo, muita tinta correu já sobre a possível influência que o mestre italiano poderá ter tido sobre a obra de Seixas, polémica que não nos compete neste espaço.
Importa, sim, sublinhar que as sonatas de Seixas universalizaram-se e perpetuam-se como autênticas pérolas do período Barroco.
A Biblioteca da Ajuda, ao assinalar a data de nascimento de Carlos Seixas, em sua homenagem, sugere a consulta de partituras de duas Tocatas deste compositor, com a cota:
BA-48-I-2 (15)

BA. 48-I-2 (16)
As primeiras traduções dos sermões do P. Antonio Vieira em inglês:

Antonio Vieira: Six Sermons / Edited and translated by Mónica Leal da Silva and Liam Brockey . - New York: Oxford University Press , 2018
Oxford University Press [aqui]
Google preview [aqui]
“Missionary, diplomat, theologian, pulpit preacher, social critic, political strategist, and one of the finest writers of the Portuguese language, the Jesuit António Vieira was a remarkable figure of the Baroque age whose life has remained relatively unknown to English-speaking readers. This excellent edition and translation of his sermons finally gives them access to Vieira's talents and thought, and helps to restore him to the prominence he deserves."
Stuart
Schwartz, George Burton Adams Professor of History and Chair of the Council on
Latin American and Iberian Studies, Yale University
"António Vieira is a major religious,
cultural, and political figure in the early modern world, little known outside
the field of Iberian history. This outstanding translation of selected sermons
will contribute to integrate his thought in the long-term complex analysis of
colonialism, slavery, racism, and national assertion."
Francisco
Bethencourt, author of Racisms from the Crusades to the
Twentieth CenturyObras recebidas na Biblioteca da Ajuda:
A Música no Convento de Cristo em Tomar: (desde finais do século XV até finais do século XVIII) / Cristina Maria de Carvalho Cota. - [Lisboa]: Edições Colibri; CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical - UNL, 2017
Esta obra vem revelar o passado musical do Convento de Tomar, casa principal daquela que foi considerada a mais poderosa e emblemática ordem religiosa portuguesa: a Ordem de Cristo.
Retomando a única e sumária investigação realizada há cem anos por Sousa Viterbo sobre os músicos deste convento, concluiu-se que este foi um dos mais importantes centros de actividade musical em Portugal, equiparável a Coimbra, com uma Capela reconhecida pela excelência do seu nível musical em finais do século XVI, e uma prática instrumental e vocal majestosa durante o século XVII, de produção musical própria assinada por Frei Fernando de Almeida (1604-1660), o mais destacado compositor da Ordem e exemplo marcante da música maneirista portuguesa.
Neste livro se oferece a mais completa biografia deste compositor, que infelizmente teve um fim trágico e injusto às mãos da Inquisição. A prática litúrgico-musical na Ordem do Templo foi assunto inesperado e original de estudo que se tornou um ponto de partida para a compreensão do cerimonial e prática litúrgico-musical da Ordem de Cristo, considerada a sua sucessora em Portugal.
Finalmente, a descoberta de um espólio musical tomarense, inteiramente inédito com ligação à igreja de S. João Baptista, em Tomar, poderá constituir a primeira peça do puzzle, ainda por reconstituir, do repertório musical das igrejas da Ordem de Cristo. [Cristina Cota]

Retomando a única e sumária investigação realizada há cem anos por Sousa Viterbo sobre os músicos deste convento, concluiu-se que este foi um dos mais importantes centros de actividade musical em Portugal, equiparável a Coimbra, com uma Capela reconhecida pela excelência do seu nível musical em finais do século XVI, e uma prática instrumental e vocal majestosa durante o século XVII, de produção musical própria assinada por Frei Fernando de Almeida (1604-1660), o mais destacado compositor da Ordem e exemplo marcante da música maneirista portuguesa.
Neste livro se oferece a mais completa biografia deste compositor, que infelizmente teve um fim trágico e injusto às mãos da Inquisição. A prática litúrgico-musical na Ordem do Templo foi assunto inesperado e original de estudo que se tornou um ponto de partida para a compreensão do cerimonial e prática litúrgico-musical da Ordem de Cristo, considerada a sua sucessora em Portugal.
Finalmente, a descoberta de um espólio musical tomarense, inteiramente inédito com ligação à igreja de S. João Baptista, em Tomar, poderá constituir a primeira peça do puzzle, ainda por reconstituir, do repertório musical das igrejas da Ordem de Cristo. [Cristina Cota]
Mistérios e viagens de um manuscrito......
A Factura de los acopios q.º Dn. Jn. B.ta Ardisson ha hecho en Paris p.ª
la Guarda Ropa de S. M. M. la Reyna N.S., y Sr.ª Infanta D. M.ª Franc.ª de
Asis. Paris 1816. 4º &.
A recente notícia da aquisição,
para o Palácio Nacional de Queluz, pela Parques
de Sintra Monte da Lua [aqui], de um
manuscrito relativo a compras efectuadas pela Rainha D. Carlota Joaquina
(1775-1830), no ano de 1816, suscitou alguma curiosidade no meio museográfico, pela
possibilidade de acesso a um documento pormenorizado sobre os consumos sumptuários
por parte de um elemento preponderante da corte portuguesa, no início de
oitocentos. Uma análise detalhada da documentação permitirá avaliar eventuais
acertos, ou desacertos, desta com os principais centros europeus difusores da
moda, com grande destaque para Paris, onde boa parte das compras teriam sido
efectuadas, cidade que, desde o início do séc. XVIII, ditava os modelos a
seguir, nas artes da mesa, na etiqueta, no vestuário, entre outros domínios da
representação social.

Ora, apesar da referência no
mencionado Catálogo da Factura de los
acopios q.º Dn. Jn. B.ta Ardisson ha hecho en Paris p.ª la Guarda Ropa de S. M.
M. la Reyna N.S., y Sr.ª Infanta D. M.ª Franc.ª de Asis. Paris 1816. 4º &,
esta não foi, no entanto, localizada no acervo da Biblioteca da Ajuda,
contrariamente a grande parte de outras entradas do mesmo, o que nos leva a supor
que seja aquele o manuscrito que outrora pertenceu à Livraria da
Imperatriz-Rainha, ou que, em alternativa, seja uma cópia em tudo semelhante ao
mesmo.
A investigação, feita no âmbito
do trabalho desenvolvido na Biblioteca da Ajuda permitiu, porém, que uma dúvida
fosse esclarecida. Tal relaciona-se com o facto de o signatário das facturas ter
sido João Baptista Ardisson, súbdito espanhol natural de Madrid, e não uma
suposta Baronesa de Ardisson, nome que constava das notícias iniciais
divulgadas na Comunicação Social [1].
Uma parte da documentação relacionada com este assunto encontra-se na
Biblioteca Nacional de Portugal, nos Manuscritos Reservados e, a partir desta,
sabemos que fora o espanhol, que segundo o próprio, desde 1807 prestava
serviços à Coroa de Portugal, incumbido de levar à corte do Rio de Janeiro,
“correspondência” na qual “pedia o Rey D. Fernando 7º para Espoza a Snr.ª
Infanta D. Maria Isabel de Bragança e a Snr.ª Infanta D. Maria Francisca de
Assis p.ª Espoza de seu irmão”[2],
conforme se pode ler nos autos da Pertenção de D. João Baptista Ardisson, subdito espanhol, e
de sua mulher D. Victoria Catharina de Oiamatia. - Lisboa 1831-1839, BN. mss-33-3[3], guardados na mencionada
Biblioteca. Assim, “convencionados
que forão os contratos dos cazamentos” recebeu Ardisson “os competentes
despachos” para regressar à corte de Espanha. Partindo do Rio de Janeiro em
Março de 1816, “chegou a Madrid no princípio de M.o do m.mo anno” e logo o rei-noivo
o incumbiu de novo serviço. Agora o de ir a Paris com o objectivo de “comprar
vestidos, infeites e ornatos” e “apromptar todas as galas e mais objectos
necessários p.ª ambos os cazamentos”, segundo as “ordens que trazia do Rio de
Jan.ro”. Ali se demorou por 3 meses e conforme alega na mencionada Pertenção (….) por “não haver fundos em
conseq.cia da Invasão Francesa”, e zeloso do serviço do qual fora incumbido,
aplicou os seus próprios recursos e crédito pois, desejava “fazer serviços e
desempenhar as Ordens q.lhe tinhão sido dadas”.

Nesta missão despendera “mais
de 140 mil cruzados”, regressando a Madrid “hum mês antes da chegada das
Augustas Noivas”, já munido das encomendas reais, regozijando-se de tudo ter merecido
a “completa aprovação de todas as Reas Pessoas”. Ora, pertencendo aos “Pays das
Augustas Espozas pagar metade de toda a despeza”, passados mais de vinte anos,
apenas fora reembolsado de uma parte da mesma. E a esta dívida somava-se uma
outra “privativa e particular de S.
Mag.de a Imperatriz Rainha a Snr.ª D. Carlota Joaquina de Bourbon da quantia de
9.208$960 r. motivada d´objectos a q. o supl. satisfez de Sua ordem no Anno de
1815 e 1816”. Esta dívida fora reconhecida pela “Augusta devedora” que, por Decreto de 12 de Agosto de 1829, a mandara
pagar em prestações anuais de 500$00. Porém, com a morte da soberana em 1830, suspenderam-se
esses pagamentos, o que motivava Ardisson a dirigir nova súplica, em 1839,
agora à Rainha D. Maria II (1819-1853), neta da ilustre devedora.
A afirmação de Max Weber de que “status groups are stratified according to
the principles of their consumption of goods as represented by their special
styles of life”[4],
isto é, a necessidade de assegurar uma dimensão de representação simbólica do poder régio determinava
a aquisição de objectos sumptuários, independentemente das disponibilidades
financeiras de cada momento. Aliás, quem iria recusar fornecer à Casa Real os
bens de que necessitava? Teoricamente os recursos seriam quase que ilimitados.
No entanto, na prática, nem sempre a
organização da “contabilidade” permitia satisfazer prontamente os credores,
como este e muitos outros exemplos testemunham.
Sobre o elenco dos artigos que
justificaram as quantias reclamadas por João Baptista Ardisson poderá, provavelmente,
o manuscrito - agora pertença do Palácio Nacional de Queluz - lançar alguma luz,
uma vez que o idêntico que pertenceu à Livraria de D. Carlota Joaquina há muito
que não se encontra na Biblioteca da Ajuda. Será o mesmo? Será uma cópia? Teria
o mesmo integrado o conjunto de manuscritos e impressos que seguiram com D.
Manuel II (1889-1932) para o exílio, teria estado na posse de sua Mãe, a última
Rainha de Portugal, D. Amélia de Orléans (1865-1951), que o levaria
quando partiu de Portugal, na sequência da implantação da República? Não temos
resposta para estas questões. Apenas uma certeza: a que o regresso do
manuscrito, agora adquirido, estimulará mais investigação e ajudará a melhor
esclarecer as dúvidas agora suscitadas, bem como a aprofundar o conhecimento
sobre a relação da coroa portuguesa com os centros europeus difusores de
correntes estéticas, contrariando a ideia de uma corte alheada e desfasada do
que se passava além Pirenéus, como certa historiografia oitocentista quis fazer
passar.
MMB
[1] Link Publico [aqui]
Para a escrita da História são
indispensáveis documentos sendo as Bibliotecas e os Arquivos os guardiães
primeiros desses testemunhos, assim como os Museus o são para os objectos
artísticos. Quer sejam fontes manuscritas, impressas, ou iconográficas, servem
de suporte a narrativas, fundamentam teses, permitem contextualizar factos,
auxiliam o progresso do conhecimento, pelo que o enriquecimento das colecções
nacionais, mediante a aquisição no mercado destes testemunhos dispersos, é algo
de saudar.
Esta notícia veio, em simultâneo,
chamar a atenção para o facto de um manuscrito, com título idêntico, constar do
Catálogo da Livraria que foi de S. Mag.de
a Senhora D. Carlota Joaquina de Bourbon, ms. BA-51-XIII-7, existente na
Biblioteca da Ajuda.




MMB
[1] Link Publico [aqui]
[2] As
infantas portuguesas, filhas de D. Carlota Joaquina (1775-1830) e de D. João VI
(1767-1826), mais concretamente, D. Maria Isabel (1797-1818) e D. Maria
Francisca de Assis (1800-1834), casaram com, respectivamente, Fernando VII de
Espanha (1788-1833) e seu irmão Carlos Maria Isidro (1788-1855).
[4] M. Weber,
“Class, Status, Party”, em Class, status and power, Londres, 1954, p.73,
em Ethos aristocrrático y estructura del consumo: la aristocracia cortesana
portuguesa a finales del Antigua régimen, Nuno Monteiro, F. I. H. S. UNED
Valencia.
DIA MUNDIAL DA POESIA – 21 de Março


Entre os códices de literatura desta Biblioteca, encontra-se o manuscrito da obra O Condestable Dom Nunalurez Pereira, de Francisco Rodrigues Lobo, cuja 1ª edição foi impressa em Lisboa em 1610, por Pedro Crasbeck. A obra é dedicada ao Duque D. Teodósio II, com quem terá convivido.

Morre em 1621 num naufrágio entre
Lisboa e Santarém.
Primeira edição (1610) disponível na BND (Biblioteca Nacional Digital) [aqui]
FICHA DA
OBRA:
N.º de Inventário: BA 49-III-70
Data: ca 1603 [data tirada da ded.]
Descrição: Cod. Ms. em papel, [1] 180 fls. –
Enc. em pergaminho. - Notas marginais
Pertence: Biblioteca
das Necessidades. — ded. ao Duque de Bragança, D. Teodósio II, pai de do futuro
D. João IV, em Setembro de 1603.
Publicado em 1610,
Lisboa, oficina de Pedro Crabeeck.
Dimensões: 4.º (21,5x156mm)
Localização: Biblioteca da Ajuda (cofre)
Estado de conservação: Razoável. Papel com alguma
fragilidade. Manchas de humidade
Importância: Original, autógrafo, em português,
de Francisco Rodrigues Lobo (1580-1621) é um dos mais importantes discípulos de
Camões. É considerado como o iniciador do Barroco na literatura portuguesa.
Manuscrito publicado em 1610, Lisboa, na Oficina de Pedro Crasbeeck
Bibliografia:
O condestable de
Portugal Dom Nunalvres Pereira / Francisco Rodrigues Lobo ; ed. lit. Carlos
Alberto Ferreira ; pref. Luís Silveira. Lisboa : Inspecção Superior das
Bibliotecas e Arquivos, 1958.Alguns fls do ms. da BA:
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