De Roma para Lisboa: Um álbum para o Rei Magnânimo

 Museu de São Roque | 26 de junho a 25 de outubro de 2015


Concebida em torno do denominado Álbum Weale – composto na sua maioria por desenhos que se apresentam pela primeira vez em Portugal e no mundo –, a exposição De Roma para Lisboa: um álbum para o Rei Magnânimo constrói-se em torno da ideia-chave que é a viagem entre Roma e Lisboa no reinado de D. João V.


D. João V


O que cativa a nossa atenção é pois a viagem, enquanto processo de intercâmbio cultural e artístico, reconhecer o que efectivamente viajava - palavras, desenhos, obras de arte -, efectuar uma aproximação aos agentes promotores dessa viagem: desde logo o próprio soberano mas naturalmente também os embaixadores que, desde Roma, procuravam assegurar a melhor satisfação das ordens e encomendas emanadas da capital do reino e procediam ao envio das peças.


Entre as fontes iconográficas mais relevantes para o conhecimento das encomendas joaninas, em grande parte desaparecidas na voragem destruidora do terramoto de 1755, e destinadas nomeadamente à basílica e palácio de Mafra, à basílica Patriarcal e à capela de S. João Baptista, destacam-se os desenhos constantes das colecções do Museu Nacional de Arte Antiga e da Secção de Iconografia da Biblioteca Nacional de Portugal mas assume-se indiscutivelmente como peça mais importante o denominado Álbum Weale (designação advinda do nome do editor inglês John Weale em cuja posse esteve no século XIX).

Composto por 160 folhas, o álbum consiste no minucioso registo, escrito e desenhado concretizado por iniciativa de Manuel Pereira de Sampaio (1691-1750), o último embaixador de D. João V em Roma, das encomendas de obras de arte italianas destinadas a Lisboa (designadamente à Patriarcal e à capela de S. João Baptista da igreja de S. Roque), tudo reunido sob o título de Libro degli Abozzi de Disegni delle Commissioni che si fanno in Roma per Ordine della Corte. O volume, após vicissitudes várias - que o fizeram viajar de Lisboa para o Rio de Janeiro (com a família real, em 1807), rumando depois a Londres e finalmente a Paris - consta na actualidade dos fundos da Biblioteca da École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris e, graças ao empenhamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pôde ser objecto de uma intervenção de conservação e restauro, a qual possibilitou o destacamento momentâneo dos desenhos e a sua exibição no nosso país.

Os 101 desenhos do álbum permitem não apenas visualizar as obras cuja realização se encontrava então em curso na cidade pontifícia, como a sua cuidadosa observação permite também compreender aspectos relacionados com o processo relativo à sua encomenda e feitura, constituindo-se assim como elemento fundamental para a compreensão das encomendas joaninas concretizadas no ambiente romano dos anos 40 do século XVIII.

Se no que à Patriarcal diz respeito o álbum assume particular relevância, uma vez que se trata da quase única fonte visual capaz de viabilizar uma aproximação às obras perdidas, já quanto à capela régia da igreja de São Roque ele revela-se essencial não apenas para o conhecimento das obras desaparecidas (nomeadamente no âmbito da preciosa colecção de ourivesaria, única no panorama internacional) mas também possibilita o acesso à totalidade do conjunto, que se constitui como contexto, essencial à compreensão das peças sobreviventes.


BA 49-VIII-35, fl. 170
Ms. Av. 54-XIII-14, n.º 60
Naturalmente que a visão parcial da globalidade das encomendas joaninas, que o álbum proporciona, tem de ser complementada com a consulta da correspondência assiduamente trocada entre Lisboa e Roma e ainda da vasta documentação produzida pela embaixada de Portugal na cidade dos papas - constituída sobretudo por assentos de pagamentos aos artistas envolvidos na realização das obras encomendadas desde Lisboa - que se conserva na BIBLIOTECA DA AJUDA. 

Assim, trazem-se também ao olhar dos visitantes desta exposição algumas dessas cartas que viajavam entre Roma e Lisboa, nas quais por vezes a eloquência das palavras se fazia coadjuvar pela integração de desenhos, não de carácter artístico mas meramente ilustrativo e elucidativo do discurso escrito. Na tentativa de melhor reconstituir este panorama, proporcionado pela viagem entre Roma e Lisboa, mostram-se ainda obras, da autoria dos mesmos artistas que realizaram aquelas cujos desenhos constam do volume compilado pelo embaixador Pereira de Sampaio para o Magnânimo na década de 40 de Setecentos e que nos permitem assim, na sua tridimensionalidade, propiciar como que uma materialização dos desenhos do Álbum Weale, numa mais eficaz aproximação às peças desaparecidas.



Organização: Museu de São Roque - Santa Casa da Misericórdia de Lisboa    

Comissária: Teresa Leonor M. Vale

Artigo do Expresso: O regresso do álbum Weale



25 de Junho

Álvaro Siza Vieira nasceu neste dia no ano de 1933, em Matosinhos. 
Estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (1949- 1955). Foi colaborador de Fernando Távora. Ensinou na Escola Superior de Belas Artes do Porto (1966 -1969) e voltou a esta Escola como Professor Assistente.
Foi Professor Visitante em várias universidades. Lecionou, ainda, na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, onde deu a sua última aula em Outubro de 2003.
É autor de numerosos projetos, em Portugal e no estrangeiro, desde a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, à Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, da Biblioteca da Universidade de Aveiro, ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
Na Holanda, dirigiu, desde 1985, o Plano de Recuperação da Zona 5 de Schliderswij; em Espanha, delineou os projetos para o Centro Meteorológico da Villa Olímpica de Barcelona, para o Museu de Arte Contemporânea da Galiza e para a Faculdade de Ciências da Informação, em Santiago de Compostela. As suas obras foram expostas em numerosas cidades.
Participou nos mais prestigiados fóruns mundiais de Arquitetura. Recebeu inúmeros e os mais relevantes prémios, dos quais destacamos a medalha de Ouro de Arquitectura do Colégio de Arquitectos de Madrid, a Medalha da Fundação Alvar Aalto, o Prémio Prince of Wales da Harvard University e o Prémio Europeu de Arquitetura da Comissão das Comunidades Europeias/Fundação Mies van der Rohe. Em 1992, foi-lhe atribuído o Prémio Pritzer, o “Nobel” da Arquitetura, pelo conjunto da sua obra.
Siza Vieira é membro da American Academy of Arts and Science e "Honorary Fellow" do Royal Institute of British Architects, do AIA, da Académie d'Architecture de France e da European Academy of Sciences and Arts.
Assinou vários livros dentro e fora do país e há diversos títulos publicados em várias línguas sobre a sua obra, admirada e estudada em todo o mundo.
A Biblioteca da Ajuda assinala, com entusiasmo e admiração, esta data, festejando o aniversário do Mestre, do intelectual e do cidadão Siza Vieira; sugerimos, por isso, a consulta de uma obra do imenso e rico acervo desta biblioteca, certos da curiosidade e satisfação que Siza Vieira encontrará na sua leitura.
39-V-70

Regras das cinco ordens de architectura segundo os princípios de Vignhola, com hum ensaio sobre as mesmas ordens feito sobre o sentimento dos mais celebres architectos Escriptas em francez por *** e expostas em portuguez por... J. C. M. A. com o augmento de varias reflexoes interessantes sobre as mesmas ordens; com a ordem attica, e com huns principios de geometria prática que facilitao a intelligencia desta obra e de outras deste genero / [Giacomo Barozzi de] Vignhola. - Lisboa : Impressao Regia, 1830