Niccolò Jommelli (compositor italiano nascido em 1714 e falecido em 1774) ajudou a encher de MÚSICA uma LISBOA então desfalecida entre os escombros do brutal terramoto de 1755. Entre 1767 e 1780, nos teatros reais portugueses, foram executadas mais de 25 óperas, serenatas e oratórias do compositor, a maioria das quais para festejar importantes eventos da Corte.
Vida e obra do compositor Niccolò Jommelli
Denominado “mais célebre dos músicos, criador de melodias”, a vida e obra de Niccolò Jommelli interligam-se com a História de Portugal e a do Teatro Nacional de São Carlos em particular. Com esta iniciativa, o TNSC associou Lisboa às diversas capitais europeias que, seguindo o exemplo de Nápoles, celebram em 2014 o ‘Ano Jommelliano’.A Exposição “Della Gloria, e dell’amor”, que esteve patente até 10 de outubro no Teatro Nacional de São Carlos no âmbito do tricentenário de Niccolò Jommelli (1714-1774), teve como finalidade contar uma parte da história da música do séc. XVIII em Portugal, uma época cultural ainda pouco conhecida, anterior à construção do Teatro São Carlos.
Como recorda José António Falcão, presidente do OPART, no catálogo dedicado ao compositor, Jommelli foi um dos compositores prediletos do rei D. José I e as suas relações com Portugal são “antigas e fecundas”. No período após o Terramoto de 1755, a obra de Jommelli assumiu uma importância crucial para o desenvolvimento da arte musical. Entre 1767 e 1780, nos teatros reais portugueses, foram executadas mais de 25 óperas, serenatas e oratórias do compositor, a maioria das quais para festejar importantes eventos da Corte.
“Este facto demonstra o domínio quase absoluto, como modelo de excelência, que a sua obra conquistou em Lisboa”, afirma Iskrena Yordanova, comissária da organização da exposição. Por consequência, várias gerações de compositores portugueses, ativos na segunda metade do séc. XVIII, entre quais João Cordeiro da Silva (c. 1735-1808?), João de Sousa Carvalho (1745-1798) e Jerónimo Francisco de Lima (1743-1822), foram fortemente influenciados pelo seu estilo musical.
Os documentos selecionados para a exposição apresentam uma parte do legado jommelliano em Portugal, a maioria do qual é constituído por libretos e partituras de óperas séria e cómica, serenatas e oratórias. Uma pequena mas significativa parte é dedicada ao repertório sacro, com a presença do célebre Requiem, uma das suas obras mais executadas em Portugal até ao início do séc. XX, e do manuscrito autógrafo do Laudate Pueri (Roma, 1750), recentemente identificado nos acervos da Biblioteca Nacional de Portugal. Não menos importante é a correspondência inédita, descoberta durante a preparação da Exposição, que revela uma faceta mais íntima da vida do compositor num momento crucial, os anos 1767 e 1768, quando reestabeleceu os contactos com a Corte de D. José I.
As partituras e os libretos provêm da Biblioteca da Ajuda e da Biblioteca Nacional de Portugal, assim como a maior parte da iconografia; as cartas e os outros documentos da Casa Real estão conservados no acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Note-se que a preciosa coleção da Biblioteca de Ajuda conserva as únicas partituras completas existentes de um número considerável de óperas de Jommelli.
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