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A água – indiscutivelmente o elemento primordial para a existência da vida tal como a conhecemos – é também imagem e palavra, natureza que se oferece à “domesticação” e sinal de “outro” plano… foi nesta ordem de ideias que optámos pela selecção de um conjunto de materiais das colecções da BA que, não só evidenciassem a sua relação imediata com o aspecto “líquido da vida”, como também pudessem representar a diversidade e riqueza do fundo documental à sua guarda. Assim, preparou-se uma mostra documental que percorre um caminho balizado pela desconstrução dos sentidos de património e cultura: a captação e distribuição da água doce através de fontes e aquedutos; a utilização dos cursos de água como vias de circulação de pessoas e bens, distinguindo as cidades que dela/nela vivem daquelas que não “a” têm por perto - pense-se no Tejo, que desde sempre constituiu uma das imagens mais visíveis de Lisboa; a organização moderna do ritmo anual trabalho / lazer - e já não as 4 estações das sociedades agrárias - marcado pelas “férias” e estas pela beira-mar ou a beira-rio; o instrumental com o qual transformámos a nossa necessidade natural de água (ingestão e excreção) tornando-o num elemento de cultura e de diferenciação social; e, desde sempre associada à pureza, à redenção moral e outros valores que nas religiões encontram depois as suas formas finais. Para a nossa sociedade judaico-cristã a imagem do baptismo, do dilúvio ou de outro acontecimento bíblico desta grandeza é não só uma expressão ética como um motivo histórico principal para algumas das melhores obras de arte que desde o Renascimento atravessam a nossa cultura / belas-artes.
Estes desdobramentos semânticos poderiam ser continuados e multiplicados, lembrando por exemplo pares como água-saúde pública, água-medicina, água-embarcações e naufrágios, água-invenções científicas, etc., etc.,…. Mas, o limite temporal da mostra e os condicionalismos físicos da sua realização obrigaram a seleccionar apenas alguns exemplos, bons e belos exemplos poderemos desde já adiantar, que são também indícios imediatos da riqueza e qualidade do fundo documental desta ex - biblioteca real. Gravuras impressas, folhetos, periódicos nacionais e estrangeiros, manuscritos e obras raras são apenas algumas das tipologias documentais que deste acervo emergirão no dia 18 de Abril, na
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