Personalidade de grande erudição e civismo, foi secretário de D. Diogo de Sousa, Arcebispo de Évora, tendo educado também D. Duarte de Castelo Branco. Exerceu atividade pedagógica na Sé de Viseu e especializou-se em Filologia e Teologia.
É autor de Verdadeira
Gramática Latina para se bem saber em breve tempo a qual foi impressa em
1615; Gramática latina mais breve,
impressa em 1625; Método gramatical para
todas as línguas, impresso em 1619 e Regras
de ortografia portuguesa, editado em 1615.
Todas estas obras foram
reimpressas em 1738. Em 1621, publicou Raízes
de Língua Latina e, em 1625, traduziu do francês para o latim a obra Janua Linguarum. Escreveu, igualmente,
obras de devoção religiosa, Socorro das
almas do Purgatório e Doutrina Cristã,
e traduziu Declaração do Símbolo para uso
dos Curas, da autoria de Belarmino. Este autor foi inventariado por
Ferreira DeusdadoROBOREDO, Amaro de
Em Lisboa : na officina de Antonio Alvarez, 1625. - [8],
173, [17] p. ; 8º
Dedicatória a D. João de Castelo
Branco. - Taxado em 60 reis em papel. - Brasão de D. João de Castelo Branco. - Erros
de pag.
(excerto)
“Vai
esta arte repartida em tres livros segundo as tres difficuldades que nella ha
parafazer hu˜a Oração sem solecismo, a qual he o alvo a que toda a arte se
encaminha.
[...]
O primeiro livro contem a primeira difficuldade que he a do Nome, a qual
consiste em saber declinado com destreza: e que genero tem o Substantivo para
se ajuntar com elle o Adjectiuo. Leva por appenso a Preposição que rege ou
Accusativo, ou Ablativo do Nome.
O
segundo livro contem a segunda difficuldade, que he do Verbo, a qual consiste
em
saber
conjugado com destreza; para o que he necessario saber seus Preteritos, e
Supinos. Leva por appenso o Adverbio, que o qualifica; e por isso se diz, quasi ad Verbum.
O
terceiro livro contem a terceira difficuldade que he do Nome e do Verbo juntos,
e unidos: a qual consiste em saber concordalos, e regelos: isto he, concordar o
Substantivo com o Adjectivo, e com o Verbo, e reger o Substantivo seu Genitivo,
e o Verbo activo seu Accusativo: e em saber o uso de Dativo com sua acuisição,
e oda Oração deminuta per suas figuras para maior elegancia, e o vario uso das
Preposições. Leva por apenso a Conjugação que ata as palavras, e Orações.
De
modo que os primeiros dous livros trattão as cinquo partes da Oração, cada hu˜
a
de per si; e o terceiro livro tratta todas juntas, compostas, e unidas em
Oração per
concordia.”
A consulta
desta obra admirável, pertença da Biblioteca da Ajuda, suscitou-nos interesse
em contribuir, modestamente, para um desejável esclarecimento de uma pequena parcela
das muitas dúvidas – algumas das quais geraram polémicas e quezílias inflamadas
- que o chamado A.O. 1990 (Acordo Ortográfico de 1990) instalou na vida
pública.
Escolhemos,
para tal, a questão das designadas consoantes mudas, área que, afinal, se tem
manifestado de “aguda estridência”, ao ponto de ter alimentado até um certo
anedotário.
Vejamos, então:
AM
Vejamos, então:
Quando as consoantes mudas precedem um t, ç ou c, as letras c e p passam a
escrever-se apenas se forem pronunciadas
como consoantes: ação em vez de
acção, ótimo por óptimo.
Nas sequências mpt, mpc e mpç o m passa a
ser escrito n quando o p não se escreve: perentório e não peremptório. Em todos estes casos,
quando a letra é lida como consoante, mantém-se também na escrita: pacto não passa a ser escrito *pato.
À semelhança do que já sucedia no Brasil, esta regra passa a aplicar-se
também em Portugal e nos demais países da CPLP.
Ainda de acordo com a regra anterior, nos casos em que a pronúncia de uma
palavra varie quanto à pronúncia de c
ou p, ambas as formas são
aceitáveis, sendo a consoante escrita opcionalmente ou de acordo com a
pronúncia dominante em cada país. Assim, detectar
será aceite no Brasil, mas nos restantes países a norma aconselhará detetar. Da mesma forma, deverá poder
escrever-se em todos os países caraterística
ou característica, refletindo a
variação existente na oralidade nos espaços em que o português é falado.
A primeira letra nas sequências gd,
tm, mn e bt pode
também não ser escrita, sempre que a forma como a palavra é dita num dado
espaço geográfico o permita. Esta regra não provoca mudanças, no entanto: a
grafia amídala para a palavra amígdala continua a ser possível no
Brasil, sendo, no entanto, desaconselhada nos restantes países, onde o g é sempre pronunciado. AM