Nota biográfica:
Luís Pancada Fonseca nasceu em Lisboa em 1943. Esta circunstância permitiu-lhe caminhar na vida a par e passo com algumas das fases mais marcantes da nossa história recente.
Criado numa família cujas preocupações culturais o ensinaram a desprezar o provincianismo salazarista, acreditou e desiludiu-se com o marcelismo, vibrou com o 25 de Abril, revoltou-se com o gonçalvismo e continua a nausear-se com o oportunismo dos políticos, tendo tido ocasião de expressar estes sentimentos em vários artigos de opinião. A sua passagem pela Guiné marca-o de uma forma indelével, mas mesmo aí, a sua busca de caminhos diferentes fá-lo participar na guerra como actor interessado em todas as vivências que aí se desenrolam.
Só neste momento, em que a sua existência parece ter encontrado um porto seguro, é que decide publicar os poemas escritos ao longo de tantas etapas.
Interrogações
A eternidade toda a ver,
a ver se me vê.
Como é possível o impossível
deste tempo ou d’outro tempo igual
em qualquer espaço?
Este minuto, este segundo
— que pode ser terceiro ou quarto —
como é possível existir?
Como pode haver
um compartimento da eternidade
em que caibam minhas vidas?