Informamos os nossos leitores que, amanhã dia 19 de setembro, no âmbito das Jornadas Europeias do Património 2025, o serviço de leitura da Biblioteca da Ajuda encerra às 15h30.
Agradecemos a compreensão dos nossos leitores
A Biblioteca da Ajuda é uma das mais antigas Bibliotecas de Portugal caracterizando-se, pela natureza e riqueza dos seus fundos, como uma Biblioteca Patrimonial que tem por objecto a conservação, estudo e divulgação do seu acervo documental
Informamos os nossos leitores que, amanhã dia 19 de setembro, no âmbito das Jornadas Europeias do Património 2025, o serviço de leitura da Biblioteca da Ajuda encerra às 15h30.
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Não quisemos passar a data sem relembramos a importância do contributo feminino nas relações internacionais ao longo da história. Frequentemente relegadas a um papel secundário na historiografia tradicional, diversas mulheres desempenharam funções cruciais na diplomacia mundial entre os séculos XVIII e XX, influenciando decisões políticas e promovendo o entendimento entre nações.
No âmbito desta data tão significativa, destacamos três figuras históricas femininas entre inúmeras, que ao longo dos séculos, através do seu papel e influência no contexto diplomático, contribuíram significativamente para o desenvolvimento social, cultural e político da época em que viveram
Nascida em Stettin, Pomerânia, e filha do general prussiano Cristiano Augusto de AnhaltZerbst, governador da cidade, foi batizada como Sofia Frederica Augusta, tornando-se posteriormente, a czarina Catarina II que, ao longo de trinta e quatro anos, foi responsável pelo Império Russo, potenciando o legado do seu antecessor, Pedro, o Grande (1672-1725). Conhecida pela sua política expansionista, Catarina, a Grande, reforçou a posição da Rússia na Europa através de tratados e alianças estratégicas. O papel relevante desempenhado por Catarina II da Rússia na diplomacia europeia do séc. XVIII, pode ser confirmado em vários manuscritos pertencentes ao acervo da Biblioteca da Ajuda, conforme demonstram alguns dos exemplos dos quais destacamos:
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54-IX-13, n.º 43, p.2 |
BA 54-VI-9, n.º 11, fl. 2v-3
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PNA, Inv n.º 56769 |
Nascido Fernando Martins Bulhões, em Lisboa a 15 de Agosto de 1195 (data oficial, com investigadores a defenderem o seu nascimento entre 1191 e 1195), morreu em Pádua, em 1231. Entre estes dois pontos da Europa, a sua vida percorreu a França e a Itália, com uma pequena estadia em Marrocos, sendo assim definido como "peregrino". Afastada a vida do século que lhe estaria destinada pela família, entra na Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho em S. Vicente de Fora [dos muros da cidade], sob cuja orientação já teria estudado na escola episcopal e muda-se para Santa Cruz de Coimbra para aprofundar a sua vocação religiosa e conhecimentos escolásticos. Entra em contacto com a religiosidade franciscana e em 1221 participa no Capítulo geral desta ordem, o último com a presença do fundador, S. Francisco de Assis. É por este destinado à evangelização e pregação e a sua fama de orador arrasta multidões pelas várias cidades de Itália e França onde passa, vindo a ser provincial e a estar envolvido na reforma dos estatutos da Ordem. Morre de doença em 1231 e em 1232 é canonizado, em 30 de maio, pelo papa Gregório IX, em cerimónia na Catedral de Espoleto. Após a canonização é erigida a Basílica de Santo António para onde os seus ossos foram trasladados.
Santo António na coleção da Biblioteca da Ajuda (BA):
1 - Crónica de Nuremberga
A popularidade de Santo António, manifesta em múltiplos locais onde a sua fama se instalou ou foi levada (caso do Brasil) através de elementos da cultura e religiosidade popular, além do número de igrejas sob a sua invocação, constroem uma tradição de um pregador do povo, homem erudito mas ao mesmo tempo místico, um santo para as grandes e as pequenas dificuldades da vida humana.
Liber Chronicarum, incunábulo impresso na Alemanha e vulgarmente conhecido por "Crónica de Nuremberga", publicado pela primeira vez em latim, em 12 de junho de 1493, com edição traduzida para o alemão, por Georg Alt (ou Georgium Alten, em latim), logo a partir de 23 de dezembro deste mesmo ano e que é a origem do outro nome por que é conhecida esta obra: Die Schedelsche Weltchronik, isto é, A História do Mundo de [Hartmann] Schedel.Trata-se do
maior livro ilustrado de sua época, com cerca de 1800 xilogravuras e 645 blocos
de gravação, produzidos a partir dos desenhos de Michael Wolgemut e do seu genro,
Wilhelm Pleydenwurff em cuja famosa oficina Albrecht Dürer trabalhou como
aprendiz ao tempo da execução destas ilustrações.
Seu autor é Hartmann Schedel (1440-1514), médico de Nuremberga, humanista e um dos pioneiros da cartografia impressa. Compilou inúmeras fontes antigas e contemporâneas para promover uma "proto-enciclopédia" que, com base no modelo bíblico – as 7 idades do mundo, difundiu o conhecimento geográfico e do desenvolvimento da história humana conhecido à época. A BA integra 3 exemplares deste incunábulo extraordinário na sua colecção.
2. A Trezena de Santo António
Outro testemunho do Santo e da sua importância na colecção da BA é dado pela encadernação de 1 obra que lhe é dedicada em 2 edições de anos diversos mas significativos. Assim:
Os cultos de devoção, e obséquios, que se dedicão ao Thaumaturgo portuguez S.to António de Lisboa em os dias da sua nova Trezena offerecidos à Magestade Fidelíssima de D. Jose I ... (BA 101-III-66)
Os cultos de devoção, e obséquios, que se dedicão ao Thaumaturgo portuguez S.to António de Lisboa em os dias da sua nova Trezena offerecidos a sua Alteza Real O Príncipe Regente Nosso Senhor... (BA 101-III-67)
Este segundo exemplar, de 1828, dedicado ao futuro Rei D. João (VI) invoca o patrocínio real a este santo e a sua devoção como um farol para os seus vassalos.
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BA-101-III-67 |
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101-III-67 |
No exemplar 2 o brasão de armas é articulado com o brasão da
família Bulhões, sendo única esta junção. O brasão dos Bulhões aparece em
vários ornamentos da Igreja de Santo António de Lisboa e em pintura do teto.
De Lisboa por nascimento, formação e juventude; de Pádua por local mais assíduo de pregação e, principalmente, como local da morte. Ambas as cidades lhe prestam homenagem e reverência em igrejas quase tão antigas como o Santo na sua fundação e protegidas e reconstruídas pelo povo delas e pelos reis: a Igreja de Santo António em Lisboa e a Basílica de Santo António emPádua.
Para saber mais:
Santo António no Gabinete de Estudos Olisiponenses: aqui
Santo Antonio de Lisboa (biografia site oficial): aqui
MFG@BA
Informamos os nossos leitores que, devido a Cerimónias oficiais que irão de correr no Palácio da Ajuda, a Biblioteca da Ajuda encerra nos dias 5 e 6 de Junho pp.
Na segunda-feira será retomado o horário regular.
Agradecemos a compreensão dos nossos leitores
Neste dia a Biblioteca da Ajuda dá a conhecer aquela que poderá ser considerada uma obra-prima da literatura infantil e das artes da ilustração, les Contes de Perrault.
PERRAULT, Charles, 1628-1703 ; STAHL, P.-J., 1814-1886 ; CLAYE, Jules, 1806-1886 (88?) ; DORÉ, Gustave , 1832-1883 ; Biblioteca Real (Lisboa) - Les Contes de Perrault . Paris : J. Hetzel, libraire-éditeur , M DCCC LXIV [1864] : [J. Claye, Imprimeur]). 1 vol. (XXIV-62 p.)
BA. 125-II-14
Esta obra conjunta, apesar dos seus autores Charles Perrault e Gustave Doré, terem vivido em épocas diferentes, é o exemplo de como a escrita e a arte visual se conjugaram para criar uma edição, a todos os títulos, imponente.
A Charles Perrault (1828-1703), devemos a transposição para a escrita das histórias que, ainda hoje, fazem parte do imaginário infantil, e a Gustave Doré (1832-1883), as ilustrações que deram vida aos textos.
Perrault, apesar de ser formado em leis e ter sido assistente de Colbert, foi considerado o “pai da literatura infantil”, na medida em que consolidou, através da escrita, contos assentes na tradição popular oral.
Os fins pedagógico e moral que os mesmos encerravam, transformaram-nos em manuais preciosos para a educação das crianças, uma vez que aliavam ao entretenimento um fim moral, refletindo os valores e receios da sociedade de então.
A obra mais conhecida deste autor, Histórias ou Contos do Tempo Passado com Moralidades ou Contos da Mãe Gansa, inclui contos sobejamente conhecidos, tais como a Bela adormecida, Cinderela, o Gato das botas, o Pequeno Polegar, entre outros.
Doré, por seu lado, foi um dos mais produtivos ilustradores franceses do seu século, destacando-se por criar imagens muito expressivas e dramáticas que com o seu estilo detalhado e impressivo, influenciou gerações de artistas, continuando a ser admirado pela sua capacidade de traduzir as palavras e emoções, em imagens.
Para a excelência da obra da BA que agora apresentamos muito contribuiu o talento de ambos, um que eternizou pela escrita um acervo oral, o outro que através de imagens, recriou o universo onírico do imaginário popular para o mundo encantado das crianças:
Era uma vez:
A Biblioteca da Ajuda (BA), na qualidade de Biblioteca Patrimonial, desempenha um papel essencial na preservação e enriquecimento do conhecimento sobre e da língua portuguesa. O seu valor não se resume apenas à conservação dos livros antigos e/ou raros, mas também à manutenção da memória histórica e cultural que molda a evolução da língua.
A Gramática da Língua portuguesa de João de Barros (1496-1570), impressa em Lisboa em 1540, embora seja historicamente a segunda – a 1ª de Fernão de Oliveira, de 1535 – é considerada como pioneira na sistematização da língua portuguesa moderna sendo a base de outras que a continuaram.Neste caminho do estudo da origem e evolução da língua portuguesa lembramos o Vocabulário da Língua Portugueza, de Bluteau, ainda hoje um recurso importante para a compreensão histórica da "viagem cronológica das palavras" e um marco no estudo sistemático do português do séc. XVIII. Versão digital através da BND: aqui
A globalização da língua portuguesa teve o seu apogeu na era dos Descobrimentos, em que o contacto com outros povos tornou premente a comunicação verbal para expandir o cristianismo e o comércio, originando os primeiros dicionários da língua portuguesa face a outras línguas não europeias de que a BA guarda uma memória alargada na sua coleção:
Em suma, são estes e
outros tantos exemplos que se conservam no acervo da BA e que são fundamentais
não só para manter a língua viva e em constante evolução, como instrumento de
comunicação mas também como um reflexo da história e da cultura dos povos que a
utilizam, nos seus diferentes contextos.